Pular para o conteúdo principal

Violência Obstétrica: A verdadeira violência vem do Estado.

O presidente do CFM respondeu por meio de carta, publicada na revista Época, a matéria, publicada naquela mesma revista, onde se acusava a classe médica, em especial os obstetras, pela prática de "violência obstétrica" ou seja, de não aderir à pauta ideológica do denominado "parto humanizado" definido segundo critérios assumidos pelo Ministério da Saúde. 

Leia a carta:

 
Com a reportagem Parto com Respeito (edição de 03/08/2015), Época cumpre seu papel de colocar questões de interesse social em debate, na perspectiva de aperfeiçoamento dos serviços oferecidos à sociedade na área da saúde. No entanto, a abordagem exige alguns esclarecimentos.
 
Em primeiro lugar, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ressalta que a imensa maioria dos 400 mil médicos brasileiros, mesmo em contextos absolutamente adversos, tem seguido as orientações contidas no Código de Ética Médica, tratando todos os seus pacientes, em especial gestantes e recém-nascidos, com dignidade, civilidade, respeito à autonomia e com o melhor de sua técnica.
 
O descumprimento desses compromissos pode ser denunciado, ficando a responsabilidade pela apuração a cargo dos Conselhos de Medicina. Sublinhe-se ainda que a chamada violência obstétrica, em suas diferentes nuances, tem sido tratada no âmbito da Comissão de Ginecologia e Obstetrícia do CFM, em busca de propostas para corrigir possíveis distorções.
 
Desta forma, são motivos de grande preocupação situações de violência contra as gestantes, como resultado da omissão do Estado que não lhes garante leitos e condições de atendimento necessários à realização de um parto seguro.  Há inúmeras denúncias da imprensa e de órgãos de fiscalização e controle, como o Ministério Público, que apontam graves deficiências em hospitais e maternidades públicos. Todavia, esse problema não se limita ao Sistema Único de Saúde (SUS).
 
A cobertura insuficiente também já compromete a qualidade da assistência prestada pelos planos privados, que por falta de leitos faz com que milhares de mulheres sejam atendidas em maternidades públicas, com posterior ressarcimento ao SUS. Assim, na hora do parto, essas pacientes de planos de saúde são confrontadas com o predomínio da cultura do lucro à custa do infortúnio e do desconforto alheios.
 
A peregrinação por diferentes hospitais em busca de um leito ou a “internação” em cadeiras e outros locais inadequados são exemplos concretos da real violência obstétrica cometida contra mulher brasileira, a qual deve ser combatida pela mobilização da sociedade e pela cobrança de mais investimentos e de melhor gestão da saúde.
 
Assim, a erradicação dessa realidade deveria ser o mote de uma campanha permanente de todos contra a doença e em favor da vida.
 
 
Carlos Vital Tavares Corrêa Lima
Presidente do CFM
Violência Obstétrica: CFM envia carta à Revista Época defendendo médicos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FAX SINDICAL - COOPERATIVAS E HOSPITAIS QUEREM ABOLIR DIREITOS TRABALHISTAS.

COOPERATIVAS DE TRABALHO E DONOS DE HOSPITAIS QUEREM FLEXIBILIZAR DIREITOS DO TRABALHADORES E TIRAR AO MÉDICO O DIREITO DA CARTEIRA ASSINADA. PROJETO DO TUCANO MINEIRO JOSÉ RAFAEL GUERRA ATACA OS DIREITOS DE OUTRAS CATEGORIAS NA ÁREA DA SAÚDE. A crise econômica americana foi a queda do muro de Berlim do neoliberalismo. Mas algumas idéias neoliberais, sobreviventes da era FHC, persistem em insistir. Uma delas é a flexibilização dos direitos do trabalhador, tão duramente conquistados. (Esta matéria está em http://faxsindical.wordpress.com/2008/09/30/cooperativas-e-hospitais-querem-abolir-direitos-trabalhistas/#more-760 ). O médico não pode fazer plantões, trabalhar 24 horas ou mais em um hospital, sem ter um vínculo empregatício com a empresa que necessita de seus serviços. Essa situação, levaria à terceirização e acabaria prejudicando outras categorias profissionais, para as quais os donos dos negócios sentiriam mais à vontade para recorrer ao expediente da terceirização indevida. Es

O que a mídia não mostrou: a verdadeira situação da Unidade Básica de Saúde inaugurada pela Ministra da Saúde em Juiz de Fora

  ISSO A MÍDIA NÃO MOSTRA MGTV: MATÉRIA SOBRE UNIDADE DE SAÚDE DO JÓQUEI CLUBE 1 NÃO FOI FIEL À REALIDADE No último dia 12 de julho (2024) tivemos o desgosto de ver no MGTV 1ª edição, da TV Integração, afiliada da Rede Globo de Televisão, uma matéria que pouco fica a dever às técnicas dos fabricantes de fake news. Faltou ouvir as partes envolvidas. Noticiário parcial e faccioso. As UBSs não tem direção clínica ou direção técnica responsável, ficando as escalas sob a responsabilidade do gerente da DDAS da Secretaria de Saúde, Sr. Robert Neylor. Cobraram o secretário de Saúde, que tem responsabilidade solidária, mas o Sr. Neylor não foi ouvido e nem questionado. Mostra-se que, historicamente, a prefeitura de Juiz de Fora está inadimplente no cumprimento de normas estabelecidas pela autarquia pública federal responsável pela normatização e fiscalização de serviços médicos, o CFM, determina que: desde outubro de 2016, “a assistência médica e a garantia de condições técnicas para o atendime

DESVALORIZAÇÃO DA SAÚDE - SALÁRIO DE MISÉRIA DOS MÉDICOS DO SERVIÇO PÚBLICO PODE CAUSAR PARALISAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS.

Desvalorização da Saúde: Salário Médico no serviço público já não está mais valendo a pena. Há pedidos de demissão e desinteresse por concursos e contratos. Pronto Socorro é serviço essencial. Mas o salário não é de serviço essencial. Em várias cidades os serviços essenciais vão ficando comprometidos por falta de médicos. Os usuários do SUS estão sendo visivelmente prejudicados por falta de valorização do trabalho médico. É hora de mobilizar e reagir. Leia as matérias abaixo: A valorização dos médicos A Prefeitura de São Paulo enviará à Câmara Municipal um pacote de medidas destinadas a atrair e reter profissionais da saúde nas unidades da rede pública municipal, para eliminar um déficit de pessoal que já dura pelo menos dez anos. Remuneração compatível com a do mercado, avaliação de desempenho, cumprimento de metas e plano de carreira são alguns dos itens que deverão compor a proposta que a Secretaria da Saúde quer ver aprovada até março. A iniciativa poderá benefi