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TELEGRAMA SINDICAL - Médicos estão desistindo do SUS.

20 de abril de 2009.

.-.-.-.- TELEGRAMA SINDICAL .-.-.-.-
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Sindicato dos Médicos JF*Zona da Mata
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SUS NÃO SOBREVIVERÁ SEM UMA POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS SÉRIA E DECENTE PARA OS PROFISSIONAIS DA MEDICINA E SEM OFERECER CONDIÇÕES ADEQUADAS DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS.
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O jornal "O Globo",  registrou, em matéria na página 11 da sua edição de domingo (19/04/2009), um fato importante e grave e que nossas autoridades fingem desconhecer. O título é "HOSPITAIS PÚBLICOS DO NORDESTE PERDEM MÉDICOS".
A desistência de médicos em atuar no serviço público de saúde não é fenômeno exclusivamente nordestino. Mas lá tem maior grandeza, visibilidade e repercussão.  As causas disso podem ser agrupadas em torno de duas principais: a primeira é a má gestão praticada pelos nossos gestores públicos de saúde, que resulta diretamente em falta de condições adequadas para atendimento às pessoas. Isso expõe os médicos a um estresse insuportável que causa doenças, a frustrações terríveis que desequilibram o emocional (afinal, médicos lidam com vidas) e ao risco de erros e desmoralização. Isso acontece no SUS do Oiapoque ao Chuí, a deficiência perpassa todo o território nacional, com algumas poucas excessões que ficam a confirmar a regra. A segunda causa principal é a falta de uma política de recursos humanos séria e responsável para os médicos dentro do serviço público. No serviço público, onde existe carreira de médico, ela costuma se igualar às piores e mais mal sucedidas. Diante do governo, uma consulta médica é menos valorizada do que uma graxa no sapato e uma neurocirurgia custa menos aos cofres públicos do que se paga por uma escova nos cabelos em um salão comum.
Não é difícil a qualquer cidadão, eleitor e contribuinte entender que a situação do trabalho do médico no SUS é revoltante. E essa revolta vai tomando corpo e ganhando vigor entre os médicos de todo o Brasil. Cada qual tem seus limites na vida. Muitos dele se aproximam. Outros já os ultrapassaram.
Na mesma citada matéria chamou-nos atenção a reação do Senhor Francisco Batista Júnior, que se apresenta na condição de presidente do Conselho Nacional de Saúde. Tal como foi publicado, e admitindo as palavras citadas no jornal como verdadeiras, esse Senhor Francisco expõe uma síntese do pensamento anti-médico, que foi em outros tempos cuidadosamente cultivado por sanitaristas chapa-branca, por meio de elaboradas ações e omissões. A mais grave dessas omissões foi a de esquecer, curiosamente, a necessidade de uma política decente de recursos humanos como fundamento e alicerce de qualquer política de saúde que aspira a ser bem sucedida. A matéria, quando se refere ao Senhor Francisco Batista Júnior, diz que "o movimento dos médicos ameaça a sobrevivência do SUS", como se houvesse uma contradição entre boas condições de atendimento à população e remuneração decente para os médicos e o funcionamento do SUS. Se essa contradição existisse o SUS seria fatalmente inviável.
São palavras do Senhor Francisco Batista:"O atendimento primário e básico não acontece. O posto de saúde não é mais a porta de entrada do doente. É o hospital, já sobrecarregado, superlotado." Essas palavras confirmam o mau exercício da gestão em Saúde no SUS. E não sabemos se foi essa a intenção do Senhor Batista. Em outra linha a matéria afirma que "para ele (Francisco Batista Júnior) o Ministro tem que agir com rigor".
A melhor resposta às reivindicações médicas seria uma política decente de recursos humanos e uma boa gestão que garantisse condições razoáveis de atendimento à maioria dos brasileiros. Nisso é que o Ministro deveria agir com rigor. Enquanto isso não é providenciado, o que as médicas e médicos brasileiros não precisam é de feitores e capitães do mato. Todos os seres humanos não podem suportar viver em condições de escravidão e semi-escravidão. Se o Ministro da Saúde quiser fazer alguma coisa, que atente à realidade e enverede por caminhos sérios e consistentes. Caso contrário, com pensamentos anti-médico, o sistema tenderá ao enfraquecimento e ao colapso. E isso parece óbvio a qualquer cidadão, eleitor e contribuinte. Deveria parecer assim também ao Ministro Temporão e aos que o apadrinham politicamente.

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