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Importação de mão de obra não ajudará os brasileiros


.'.Sindicato Expresso -
14 de março de 2013.

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*** Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e da Zona da Mata de Minas Gerais ***


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Importação de médicos e crise na saúde

Sem cargos, sem carreira, sem condições de trabalho decente. Agora querem importar médicos


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Não se sabe se alguma categoria profissional suportaria tal ofensa. Uma política deliberada e governamental de substituir mão de obra nacional por mão de obra estrangeira

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Nunca antes na História desse país uma categoria profissional foi de tal forma vitima de assédios e perseguições como a classe médica nesses tempos que vivemos. Determinados segmentos da classe política, hospedados em certos governos estaduais e municipais, procuram repetir o que sempre fizeram sem êxitos ou inovações: culpar médicos pelos fracassos e descalabros de suas gestões e políticas públicas de saúde.

Agora inventaram um novo trololó. Não culpam os médicos presentes, culpam os ausentes. Em outras palavras, incapazes de desenvolver meios para atrair e fixar mão de obra de alta qualificação para seus serviços públicos de saúde, apelam para o argumento de que no Brasil faltam médicos ou que os médicos brasileiros não querem trabalhar.

Desde os primórdios do SUS existe uma notória má vontade quanto à criação e desenvolvimento de políticas de recursos humanos sérias e consistentes dentro do sistema público de saúde.  A carreira de estado para médicos agora é que está na pauta parlamentar, longe dos focos da mídia e avançando a trancos e barrancos. Sim, cargos, salários e carreira são fundamentais para atrair e fixar mão de obra de alta qualificação. Que o digam a Magistratura, o Judiciário, o Ministério Público, a Receita, a Policia Federal e os Legislativos. Ao lado disso faz-se necessária a garantia do trabalho decente, com recursos técnicos e de apoio que tornem eficiente e decente o trabalho a ser desenvolvido. Essa condição, no caso dos médicos, torna-se facilitada pelo advento e progresso da Telemedicína, das redes, das telecomunicações e da Internet, além de outros recursos presenciais ou não. O trabalho, mesmo bem remunerado não deve ter precariedades que gerem estresse e assédio moral, caso contrário não fixa ninguém.

Ao contrário do que alguns políticos e seus apadrinhados gestores ineficientes propalam em seus trololós, não basta oferecer um salário inicial decente, se o trabalho é precário, sem concurso público, sem cargo, sem carreira e com condições indignas de trabalho para cumprir a elevada missão de atender as pessoas e tentar mitigar seus sofrimentos.

Os segmentos mal intencionados da classe política e do grupo de gestores que se agrega a esses segmentos agora tiram mais uma novidade da cartola. Ignorando leis e regras querem realizar a importação de médicos. Isso prova sua ignorância em relação à Medicina, às intrincadas nuances culturais da relação medico-paciente e da importância da formação e da experiência. Demonstra sua mais secreta e não confessada intenção de criar uma Medicina de terceira classe para os mais desfavorecidos. Insinua seu desprezo pelo serviço público de saúde. As questões que pontuamos sobre políticas de recursos humanos não são colocadas em suas declarações e discursos. Por ignorantes, ignoram-nas.

E vejam agora o governador do grande Estado do Amazonas defender a importação de médicos de todos os cantos do mundo.

A matéria pode ser conferida  em http://m.g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/03/governador-do-am-propoe-dilma-contratacao-de-medicos-estrangeiros.html

""" O governador do Amazonas , Omar Aziz , propôs à presidente Dilma Rousseff , nesta quarta-feira (13), que seja editada uma Medida Provisória permitindo a contratação de médicos estrangeiros no País, com local de atuação e por tempo determinado. Com a medida, o governo pretende diminuir a falta de médicos no interior do estado. O encontro foi realizado no Palácio do Planalto, em Brasília , e contou com a participação da secretária de Governo, Rebecca Garcia, e do senador Eduardo Braga.
"Se o Governo Federal encontrar um mecanismo para que possamos levar médicos de fora para o Amazonas, o estado vai contratar esses médicos. Não dá pra esperar, é urgente. Espero que os profissionais de saúde entendam, temos um déficit de médicos não só no Amazonas. Esse é um problema nacional. Essa MP seria temporária, ou seja, na hora que tiver disponível um médico brasileiro ele terá prioridade, quando não, abriremos a vaga para médicos de outros lugares", argumentou Omar Aziz.
Segundo o governador, a presidente informou que já está sendo elaborado um estudo sobre a falta de médicos especialistas e destacou que, no último edital lançado nacionalmente para contratação de médicos, o Amazonas apareceu como o Estado brasileiro que menos atraiu candidatos. O detalhamento da proposta do Amazonas deverá ser encaminhado ao ministro da Saúde , Alexandre Padilha .
Em entrevista ao G1 em fevereiro deste ano, o senador Eduardo Braga defendeu a contratação de médicos estrangeiros para o interior do estado. "Nós na Amazônia temos grandes e graves carências de médicos especialistas no interior da nossa região. Não temos ginecologistas, ortopedistas, pediatras, obstetras, neurocirurgiões, anestesistas, enfim, faltam médicos especialistas no interior, e falta porque não há no país. Não adianta colocarmos salários de até R$ 25 mil, porque esses médicos ganham isso ou quase isso em outras cidades e preferem morar em Ipanema do que em Tabatinga, por exemplo", disse o senador."""

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