GOIÁS E FORTALEZA - MAIS SITUAÇÕES CRÍTICAS QUE PEDEM SOLUÇÃO NO SUS
Existem situações que comprometem seriamente o funcionamento do SUS, deterioram as condições de assistência oferecidas aos usuários e expõem os servidores ao estresse e ao adoecimento.
1-Salários indignos, incompatíveis com as responsabilidades inerentes às funções exercidas,que são cuidar de vidas, incompatíveis com a formação profissional exigida, causadores de falta de motivação.
2- Existência de vínculos empregatícios precários, terceirizados com frequentes atrasos e dificuldades em cumprir a legislação trabalhista e previdenciária. Sem contar com o PJ, que apesar da hierarquia, da exigência de horários fixos, determinados pelo empregador, escapam a qualquer fiscalização daqueles que deveriam fazer cumprir a lei.
3- Condições de trabalho deterioradas, com carência de insumos, medicamentos, aparelhos, levando profissionais que não são bem remunerados a improvisar ou, até mesmo, comprar insumos e medicamentos, fazendo cair o seu rendimento já comprometido.
Essa situação se repete em várias cidades e aqui vamos compartilhando, passo a passo, situações que saem na mídia.
Hoje veremos o que está acontecendo em Goiânia e Fortaleza, embora esses municípios não sejam exceções à regra.
Em Goiânia, médicos “vinculados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia realizam nesta segunda-feira (9/12), às 8h, um ato público em frente ao CAIS de Campinas. A manifestação tem como objetivo reivindicar condições adequadas de trabalho e um atendimento digno à população.
O protesto denuncia a falta de insumos, medicamentos, equipamentos e segurança, que, segundo os médicos, têm comprometido o atendimento aos pacientes e levado os profissionais ao limite do esgotamento. Além disso, a categoria cobra a regularização de pagamentos de remunerações e recolhimentos ao INSS.
De acordo com os organizadores, o ato busca chamar a atenção para a necessidade de garantir à população um atendimento de qualidade, bem como respeito aos profissionais que sustentam o sistema de saúde pública.” (Fonte: https://www.maisgoias.com.br/cidades/medicos-realizam-ato-publico-por-melhores-condicoes-de-trabalho-nesta-segunda-feira-9-12/).
Apesar da situação caótica de desabastecimento e do adoecimento mental dos profissionais médicos, o “TJ suspende paralisação de médicos prevista para esta 2ª, em Goiânia
A iniciativa era programada por profissionais credenciados à Secretaria Municipal de Saúde da capital, que reivindicam pagamentos. “ (https://www.metropoles.com/brasil/tj-suspende-paralisacao-de-medicos-prevista-para-esta-2a-em-goiania).
No caso os médicos foram penalizados por prestarem um serviço essencial e considerado indispensável. Em razão da importância de suas responsabilidades e obrigações, são condenados a trabalhar de graça, já que seus salários se tornaram apenas dívidas do empregador, que ninguém sabe quando serão saudados.
Outra situação é denunciada no maior hospital de urgência e emergência de Fortaleza, capital do Ceará e uma das maiores cidades do Brasil. E está acontecendo no maior hospital de urgência e emergência da capital cearense.
“O Instituto Doutor José Frota (IJF), em funcionamento desde 1936, é o maior hospital de rede de assistência da Prefeitura de Fortaleza, integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade de Nível Terciário é referência regional no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, lesões vasculares graves, queimaduras e intoxicações agudas.
O IJF funcionando em plantão 24 horas e conta com equipes clínicas multiprofissionais, mais de 20 especialidades médicas e estrutura para o diagnóstico por imagem, laboratórios, centros cirúrgicos, enfermarias, consultórios e áreas de observação. A instituição também é destaque no ensino, na formação de novos profissionais, na pesquisa e na orientadora de políticas públicas em saúde.” ( Fonte: https://saude.fortaleza.ce.gov.br/ijf)
A crise dessa importante situação dura meses.
“O Ministério Público do Estado do Ceará realizou acordo com o Instituto Doutor José Frota (IJF), hospital da rede municipal de Fortaleza, para resolver, em três meses, o problema de desabastecimento de medicamentos e insumos na unidade. De acordo com denúncias recebidas pelo MP do Ceará, essa situação tem sido recorrente no IJF, ocasionando à população prejuízos no fluxo de atendimento, aumento do tempo de internação e adiamentos de cirurgias.
O compromisso foi assumido durante audiência realizada nessa quinta-feira (02/05) e conduzida pela promotora de Justiça Ana Cláudia Uchoa, titular da 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, atuante na defesa da saúde pública. Segundo ela, desde 2021, a Promotoria recebe denúncias do Sindicato dos Médicos acerca de desabastecimento de medicamentos no IJF. Além disso, vistoria em novembro de 2023 constatou carência de pessoal, em especial, em todas as áreas da assistência ao paciente. Outra situação verificada foi o afastamento de profissionais para tratar saúde mental.” A matéria é de maio de 2024( Fonte: https://mpce.mp.br/2024/05/apos-audiencia-do-mp-do-ceara-hospital-ijf-em-fortaleza-se-compromete-a-resolver-falta-de-medicamentos-e-insumos/
Médicos e enfermeiros são obrigados a comprar medicamentos e insumos ou improvisar materiais necessários devido ao desabastecimento.
Matéria do Diário do Nordeste (Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/medicos-e-enfermeiros-do-ijf-compram-insumos-e-remedios-para-ajudar-pacientes-relatam-lojistas-1.3585392 ) informa que: ““Geralmente, os médicos e enfermeiros vêm comprar dipirona, paracetamol, remédio de enjoo, dor de cabeça… Touca, propé, máscara, luva. Saíam dois pacotes de toucas na semana, agora saem 20 pacotes com 100 unidades cada”, relata Lucas Araldi, 28, vendedor de uma farmácia e loja de produtos hospitalares.
A atendente de loja Cristiane Pimentel, 47, que trabalha no entorno do IJF “há muito tempo”, descreve que alguns profissionais de saúde já se tornaram clientes, e “compram materiais pra não ver o povo morrer ou não reaproveitar coisas como atadura”.
“O que falta no IJF é medicamento, material de limpeza, assistência pra quem está acompanhando, principalmente pra quem vem de fora. O pessoal vem comprar gaze, atadura, seringas, cateter, escalpe, algodão... E até papelão pro acompanhante dormir”, lamenta Cristiane.”
“Além de insumos básicos para os pacientes, os próprios profissionais de saúde têm desembolsado recursos para se protegerem no ambiente hospitalar. Trabalhadores com jalecos e uniformes com o brasão da Prefeitura de Fortaleza são presenças comuns entre os clientes, segundo os lojistas.
Um deles, que preferiu não ser identificado, diz que, além de seringas, ataduras, algodão e outros objetos, as luvas e toucas estão entre os itens mais comprados pelos médicos e profissionais de enfermagem do IJF.
“Teve médico que comprou 20 esparadrapos aqui, e disse que ‘não dava pra uma rodada lá dentro’. A gente até fez um desconto. Tem médico que vem comprar gaze, ‘uropen’ tem demais”, contabiliza.”
Segundo o Diário do Nordeste, a Prefeitura de Fortaleza anunciou que: “Nessa quinta-feira (21), o prefeito José Sarto (PDT) anunciou a criação de uma força-tarefa imediata para garantir medicamentos e insumos que faltam no IJF. Um grupo formado por representantes da Secretaria da Saúde, da Secretaria de Finanças, da Secretaria de Governo e da Procuradoria Geral do Município assumirá temporariamente a gestão do hospital durante a crise. Segundo o chefe do Executivo Municipal, será dado "suporte e agilidade" às compras e aos pagamentos do IJF.”
Na construção do SUS, é natural que hajam obstáculos e dificuldades, mas a situação não pode sair do controle. Recursos decentes devem ser oferecidos para que os profissionais trabalhem com motivação, recursos e segurança. É imperiosa a atuação afirmativa e assertiva das entidades médicas diante dessa realidade tóxica.
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