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FALTA ANESTESIA NO SUS

Rio Grande do Sul - apesar da luta desenvolvida em todo Brasil pelo reconhecimento do trabalho médico no Serviço Público, nossas autoridades constituídas e com poder de decisão ainda não tomaram providências cabíveis. O alto grau de insatisfação dos médicos resulta em paralisações, greves, absenteísmo e demissões. Agora, no Rio Grande do Sul já começam a faltar anestesistas para os procedimentos do SUS. Enquanto isso, a politicalha que gigola a saúde continua com seu discurso falsário e tendencioso... O povo tem que saber a verdade!


SIMERS - Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul

Sexta-Feira, 15 de fevereiro de 2008 Cirurgias do SUS são suspensas na Santa Casa por falta de anestesista Fonte: Imprensa/ANMR Francisco, com a filha, ficou desolado com a noticia   A falta de anestesistas está impondo sofrimento e colocando em risco a vida de pacientes pobres que dependem do atendimento do SUS no Complexo da Santa Casa de Porto Alegre. Sem profissionais suficientes, que devem ser contratados pelo hospital, cirurgias são canceladas ou adiadas na Policlínica Santa Clara, que atende principalmente SUS. A denúncia é da Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR). Nesta sexta, às 12h45, a direção da entidade levará a situação à promotora de Direitos Humanos do Ministério Público na Capital Cristiane Pilla Caminha (Rua Santana, 440, 7º andar).

O quadro se agravará na próxima semana. Tabela de cancelamentos de cirurgias foi divulgada internamente, nesta sexta na Policlínica, suspendendo pelo menos 30 procedimentos, todos SUS, segundo estimativa da ANMR. O aviso da chefia do bloco cirúrgico é: “Devido a problema de anestesistas, a partir do dia 18, estão suspensas as seguintes cirurgias até segunda ordem". A lista inclui cirurgia vascular, cirurgia geral, cirurgia plástica, de urologia, de nefrologia, bucomaxilofacial, de traumatologia e da chamada equipe décima.

Cansados de assistir à irresponsabilidade do complexo com a população, os residentes das especialidades de urologia e cirurgia geral decidiram parar as atividades a partir do dia 20, por falta de condições mínimas para a prática médica. Será a forma de pressionar a instituição, uma das mais tradicionais do Estado, para resolver o problema. Um documento foi protocolado nessa quinta, dia 14, nas direções da Santa Casa e da Universidade Federal de Ciências da Saúde, no Conselho Regional de Medicina (Cremers), na Comissão Estadual de Residência Médica e no Sindicato Médico do RS (SIMERS). A Comissão Estadual de Residência Médica, que fiscaliza o funcionamento dos programas, fez diligência no hospital, constatou a irregularidade e determinou adequação, mas até agora nada ocorreu. “Ao contrário, mais cirurgias estão sendo suspensas”, lamenta Paulo Amaral, presidente da ANMR.

Há um ano a situação vem sendo levada à direção do complexo e à Universidade, à qual estão vinculadas as residências médicas. No final de janeiro, um dossiê completo foi entregue, incluindo um relatório do dia-a-dia de cancelamentos de cirurgias de Urologia. De 16 de novembro de 2007 a 24 de janeiro deste ano, de 98 cirurgias agendadas, 36 foram canceladas e reagendadas por falta de anestesistas ou por que os poucos profissionais disponíveis tiveram de ser deslocados para atender uma urgência. Ocorre de emergências terem de esperar horas até o turno da noite quando há mais anestesistas, aumentando martírio dos pacientes.

Nesta quinta, mais dois cancelamentos foram comunicados a pacientes com câncer de bexiga e de próstata, um de Morro Reuter e outro de Viamão. O aposentado Francisco Valdir Vasconcelos Contreiras, 60 anos, de Viamão tem câncer de próstata e recebeu com tristeza a notícia. Ele já havia passado por três adiamentos para consulta com anestesista, que define a cirurgia. Acompanhado da fila Débora, ele contou sobre a dor que sente e pesadelo de conviver com uma doença que pode matá-lo. Pior: o hospital impõe situação lamentável. Os pacientes se deslocam à Policlínica um dia antes da cirurgia e são avisados apenas na hora que deveriam ser internados sobre o cancelamento. A desolação é inevitável. Como são pessoas humildes, elas acabam se conformando. Para um deles, o cancelamento se repete pela terceira vez. Há casos de mais de seis suspensões com remarcação.

O problema ocorre no turno do dia, entre 7h e 19h, quando se concentram as cirurgias eletivas do SUS (não urgentes) – sendo que muitas levam meses para serem marcadas. Nove anestesistas deveriam estar de plantão nas salas de cirurgias. Deveriam ser SETE no bloco cirúrgico, um no Centro Obstétrico e um no pré-operatório. Segundo a ANMR, apenas dois ou três, no máximo, estão no local diariamente. Se chega um caso de urgência, a equipe da especialidade precisa suspender uma eletiva para atender. “Temos de escolher entre casos que são graves. Mesmo uma eletiva, o adiamento pode implicar no agravamento da doença”, conta um médico residente.

Há mais problemas: muitos anestesistas que estão na escala não atuam mais no hospital o que gera mais transtornos. Já houve cirurgia agendada e o paciente teve de voltar para casa pois o profissional não estava no local já que não era mais do quadro. Para o presidente da ANMR, a situação é insuportável. Os próprios médicos residentes têm de comunicar o paciente que o procedimento não vai ocorrer por falta de anestesista. O Hospital demonstra nenhuma preocupação e não parece ligar para a desassistência. Por que é paciente do SUS? Nos convênios e particulares, não há essa situação”, lamenta Paulo .

Sem cirurgias, a formação dos residentes também fica prejudicada. O volume de procedimentos é decisivo para a capacitação, garantindo cirurgiões mais qualificados que depois atuarão nas comunidades e nos hospitais. “Não dá para entender esse descaso. A Santa Casa tem obrigação por lei de atender 60% pelo SUS. Recebe recursos para equipar o hospital com equipamentos e verbas do Ministério da Saúde para formar residentes. Só que o básico – que é ter anestesista para operar – não existe”.

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