Pular para o conteúdo principal

Como será a greve dos caminhoneiros sem o AGRO? Cada luta é um aprendizado


(Imagem publicada na Folha de Alagoas - www.folhadealagoas.com.br) 

A vida é um constante aprendizado. Às vezes as agruras levam as pessoas a saber em quem devem confiar e de quem devem desconfiar.

Cada classe (ou categoria econômica) de pessoas que dependem de seu trabalho para viver, tem a sua nêmesis, ou seja, uma outra classe que procura desenvolver meios cada vez mais eficientes para sugar o sangue da outra em seu próprio proveito. 

Primeiro de novembro os caminhoneiros decretaram uma greve. Reivindicam melhores condições para si, que são, em resumo, condições para uma vida mais digna. Não querem que o dinheiro que têm para manterem seus caminhões, suas famílias, pagar suas contas seja drenado para o diesel caro e que os fretes, dos quais dependem para seu sustento, sejam insuficientes. Também estão, como qualquer trabalhador consequente, preocupados com o seu futuro, ou seja, com a questão da aposentadoria. As reivindicações são compreensíveis. 

Houve, em momentos recentes, como o da grande greve do caminhoneiros em 2018, um apoio do AGRO ao movimento. Seria difícil entender se o AGRO tivesse qualquer preocupação, que não fosse “da boca para fora” (ou meramente publicitária) com a classe dos caminhoneiros. O AGRO depende muito de caminhoneiros e, seu interesse lógico e compreensível, é que os caminhoneiros ofereça ao AGRO serviços baratos. O AGRO faz parte da nêmesis dos caminhoneiros e, não será difícil deduzir, que os interesses das duas classes e seus representantes sejam conflitivos. 

Primeiro de novembro de 2021 - caminhoneiros em greve encontram pela frente uma muralha de decisões judiciais e forças policiais dispostas a reprimir o seu movimento e os principais portais noticiosos sem dar destaque ao movimento ou dando informações de conotação negativa. É um movimento de caminhoneiros sem o AGRO. Então o governo, por meio da polícia, a Justiça com suas sentenças, e a mídia com seu silêncio ou malícia, nenhum deles, próximos que são do capital, estão dispostos a serem reflexivos ou compassivos diante das reivindicações que sustentam esse movimento de caminhoneiros.

É uma lição de que muito da realidade do trabalhador brasileiro, no seu dia a dia, ainda reflete, de maneira nua e crua, esses conflitos de interesses entre classes determinadas. É uma lição que tem que ser aprendida ou reaprendida. Uma categoria econômica (caminhoneiros, entregadores de aplicativos, motoristas de aplicativos, entre outras) não  devem esperar apoio ou compreensão da classe que lucra com a seu trabalho, representada por executivos, CEOs, advogados, publicitários e toda a classe de gente bem remunerada mantida pelo capital com a única finalidade de incrementar o lucro dos acionistas mediante o achatamento da renda daqueles que trabalham para fazerem as riquezas serem produzidas e circularem. 


Informa o TAB (notícia completa em https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2021/11/01/tatica-de-caminhoneiros-de-santos-e-estrangular-operacao-portuaria.htm): “Na greve de 2018, a chegada dos policiais militares era saudada pelos caminhoneiros. Fotos, vídeos e muito aperto de mão eram a tônica dos encontros. Quem tinha alguma roupa com estampa militar tratou de vestir. Agora, o clima é outro. Os grevistas perceberam a diferença com certa incredulidade. Na madrugada de segunda-feira, o comandante da PM que comandava a operação no acesso ao porto afirmou concordar com a greve, mas em questão de horas as bombas caíam entre os caminhoneiros. Pela manhã, os grevistas eram observados por viaturas colocadas antes e depois dos trailers onde se abrigavam. Conforme a quantidade de caminhoneiros aumentava — chegou a ficar perto de 200 —, eles precisaram usar o acostamento. A tropa de choque apareceu na mesma hora.”  A informação confirma o que dissemos acima. Caminhoneiros sem o AGRO não receberão apertos de mão de sorridentes policiais. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FAX SINDICAL - COOPERATIVAS E HOSPITAIS QUEREM ABOLIR DIREITOS TRABALHISTAS.

COOPERATIVAS DE TRABALHO E DONOS DE HOSPITAIS QUEREM FLEXIBILIZAR DIREITOS DO TRABALHADORES E TIRAR AO MÉDICO O DIREITO DA CARTEIRA ASSINADA. PROJETO DO TUCANO MINEIRO JOSÉ RAFAEL GUERRA ATACA OS DIREITOS DE OUTRAS CATEGORIAS NA ÁREA DA SAÚDE. A crise econômica americana foi a queda do muro de Berlim do neoliberalismo. Mas algumas idéias neoliberais, sobreviventes da era FHC, persistem em insistir. Uma delas é a flexibilização dos direitos do trabalhador, tão duramente conquistados. (Esta matéria está em http://faxsindical.wordpress.com/2008/09/30/cooperativas-e-hospitais-querem-abolir-direitos-trabalhistas/#more-760 ). O médico não pode fazer plantões, trabalhar 24 horas ou mais em um hospital, sem ter um vínculo empregatício com a empresa que necessita de seus serviços. Essa situação, levaria à terceirização e acabaria prejudicando outras categorias profissionais, para as quais os donos dos negócios sentiriam mais à vontade para recorrer ao expediente da terceirização indevida. Es...

O que a mídia não mostrou: a verdadeira situação da Unidade Básica de Saúde inaugurada pela Ministra da Saúde em Juiz de Fora

  ISSO A MÍDIA NÃO MOSTRA MGTV: MATÉRIA SOBRE UNIDADE DE SAÚDE DO JÓQUEI CLUBE 1 NÃO FOI FIEL À REALIDADE No último dia 12 de julho (2024) tivemos o desgosto de ver no MGTV 1ª edição, da TV Integração, afiliada da Rede Globo de Televisão, uma matéria que pouco fica a dever às técnicas dos fabricantes de fake news. Faltou ouvir as partes envolvidas. Noticiário parcial e faccioso. As UBSs não tem direção clínica ou direção técnica responsável, ficando as escalas sob a responsabilidade do gerente da DDAS da Secretaria de Saúde, Sr. Robert Neylor. Cobraram o secretário de Saúde, que tem responsabilidade solidária, mas o Sr. Neylor não foi ouvido e nem questionado. Mostra-se que, historicamente, a prefeitura de Juiz de Fora está inadimplente no cumprimento de normas estabelecidas pela autarquia pública federal responsável pela normatização e fiscalização de serviços médicos, o CFM, determina que: desde outubro de 2016, “a assistência médica e a garantia de condições técnicas para o aten...

DESVALORIZAÇÃO DA SAÚDE - SALÁRIO DE MISÉRIA DOS MÉDICOS DO SERVIÇO PÚBLICO PODE CAUSAR PARALISAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS.

Desvalorização da Saúde: Salário Médico no serviço público já não está mais valendo a pena. Há pedidos de demissão e desinteresse por concursos e contratos. Pronto Socorro é serviço essencial. Mas o salário não é de serviço essencial. Em várias cidades os serviços essenciais vão ficando comprometidos por falta de médicos. Os usuários do SUS estão sendo visivelmente prejudicados por falta de valorização do trabalho médico. É hora de mobilizar e reagir. Leia as matérias abaixo: A valorização dos médicos A Prefeitura de São Paulo enviará à Câmara Municipal um pacote de medidas destinadas a atrair e reter profissionais da saúde nas unidades da rede pública municipal, para eliminar um déficit de pessoal que já dura pelo menos dez anos. Remuneração compatível com a do mercado, avaliação de desempenho, cumprimento de metas e plano de carreira são alguns dos itens que deverão compor a proposta que a Secretaria da Saúde quer ver aprovada até março. A iniciativa poderá benefi...