26/02/2012 19:27
Médicos evitam SUS e pacientes sofrem
Salários ruins, falta de segurança, insumos e equipamentos afastam os médicos da rede pública
Fabio Pagotto
fabio.pagotto@diariosp.com.br
Os salários ruins, a falta de estrutura e de perspectiva de carreira estão empurrando os médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) para a área particular. De acordo com pesquisa do Conselho Regional de Medicina, mais de dois terços dos profissionais da área estão na rede particular.
O próprio governador Geraldo Alckmin admitiu a falta de profissionais de saúde no estado, na semana passada, durante a inauguração de uma nova ala do Hospital Cachoeirinha, na Zona Norte.
“A dificuldade que temos, que todos têm, é médico”, afirmou Alckmin.
“A relação de médicos por mil habitantes da cidade de São Paulo é alta, comparável à de países com sistemas de saúde exemplares, como Inglaterra, Canadá, Suécia e Cuba (veja quadro na página ao lado), segundo o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), o neurocirurgião Cid Carvalhaes.
“Não faltam médicos. Faltam estrutura, insumos, recursos humanos, aparelhagem e muitas outras coisas”, falou Carvalhaes.
“É uma vergonha a situação em alguns hospitais, uma tragédia. No Hospital das Clínicas só não morre mais gente lá por causa da dedicação das equipes”, falou o presidente do Simesp, que também vê má distribuição de profissionais. “Dos 55 mil médicos da cidade de São Paulo, mais de dois terços estão localizados no Centro expandido. Já na periferia não há profissionais. É uma distribuição perversa”, afirmou Carvalhaes.
O DIÁRIO visitou três postos de AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) em Parelheiros, na Zona Sul, uma das regiões mais carentes de recursos, segundo o Simesp. A reportagem constatou falta de profissionais e muita gente na fila esperando atendimento. A dona de casa Cleuza Maria de Jesus da Silva, de 65 anos, que sofre de varizes infeccionadas, foi a três postos para ser atendida, na sexta-feira (24).
“Eu fui no posto do Jardim Mirna e do Jardim Campinas, mas só no de Parelheiros tinha médico”, diz Cleuza.
Já o pedreiro Reginaldo Nascimento de Souza, que procurou atendimento por sentir fortes dores de cabeça e pelo corpo, esperou mais de quatro horas para ser atendido no posto de Parelheiros.
“Cheguei às 11h40 e só fui atendido depois das 16h. O médico me atendeu rapidamente, não fez exame algum, sequer tirou minha temperatura e me receitou três remédios”, disse o pedreiro.
No posto do Jardim Mirna, a operadora de caixa Luciana Santos de Lima, de 40 anos, esperou quatro horas para conseguir atendimento para a filha Geovanna Lima Ribeiro, de 1,2 ano, que estava com forte resfriado.
“Não tinha médico e ele só chegou no meio da tarde”, afirmou Luciana.
Já a cozinheira Janaína Pedro silva, de 36 anos, esperou mais de um ano por uma consulta ginecológica em Parelheiros. “Tem um ginecologista que aparece de vez em nunca”, falou a cozinheira.
Médicos evitam SUS e pacientes sofrem
Salários ruins, falta de segurança, insumos e equipamentos afastam os médicos da rede pública
Fabio Pagotto
fabio.pagotto@diariosp.com.br
Os salários ruins, a falta de estrutura e de perspectiva de carreira estão empurrando os médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) para a área particular. De acordo com pesquisa do Conselho Regional de Medicina, mais de dois terços dos profissionais da área estão na rede particular.
O próprio governador Geraldo Alckmin admitiu a falta de profissionais de saúde no estado, na semana passada, durante a inauguração de uma nova ala do Hospital Cachoeirinha, na Zona Norte.
“A dificuldade que temos, que todos têm, é médico”, afirmou Alckmin.
“A relação de médicos por mil habitantes da cidade de São Paulo é alta, comparável à de países com sistemas de saúde exemplares, como Inglaterra, Canadá, Suécia e Cuba (veja quadro na página ao lado), segundo o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), o neurocirurgião Cid Carvalhaes.
“Não faltam médicos. Faltam estrutura, insumos, recursos humanos, aparelhagem e muitas outras coisas”, falou Carvalhaes.
“É uma vergonha a situação em alguns hospitais, uma tragédia. No Hospital das Clínicas só não morre mais gente lá por causa da dedicação das equipes”, falou o presidente do Simesp, que também vê má distribuição de profissionais. “Dos 55 mil médicos da cidade de São Paulo, mais de dois terços estão localizados no Centro expandido. Já na periferia não há profissionais. É uma distribuição perversa”, afirmou Carvalhaes.
O DIÁRIO visitou três postos de AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) em Parelheiros, na Zona Sul, uma das regiões mais carentes de recursos, segundo o Simesp. A reportagem constatou falta de profissionais e muita gente na fila esperando atendimento. A dona de casa Cleuza Maria de Jesus da Silva, de 65 anos, que sofre de varizes infeccionadas, foi a três postos para ser atendida, na sexta-feira (24).
“Eu fui no posto do Jardim Mirna e do Jardim Campinas, mas só no de Parelheiros tinha médico”, diz Cleuza.
Já o pedreiro Reginaldo Nascimento de Souza, que procurou atendimento por sentir fortes dores de cabeça e pelo corpo, esperou mais de quatro horas para ser atendido no posto de Parelheiros.
“Cheguei às 11h40 e só fui atendido depois das 16h. O médico me atendeu rapidamente, não fez exame algum, sequer tirou minha temperatura e me receitou três remédios”, disse o pedreiro.
No posto do Jardim Mirna, a operadora de caixa Luciana Santos de Lima, de 40 anos, esperou quatro horas para conseguir atendimento para a filha Geovanna Lima Ribeiro, de 1,2 ano, que estava com forte resfriado.
“Não tinha médico e ele só chegou no meio da tarde”, afirmou Luciana.
Já a cozinheira Janaína Pedro silva, de 36 anos, esperou mais de um ano por uma consulta ginecológica em Parelheiros. “Tem um ginecologista que aparece de vez em nunca”, falou a cozinheira.
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