FAX SINDICAL
Blog sobre sindicatos, serviço público, trabalho médico e seguridade social patrocinado pelo Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e da Zona da Mata de Minas Gerais.
AUMENTO DE NÚMERO DE DIPLOMAS DE MEDICINA FAVORECE MAIS INVESTIDORES DO QUE O SUS
AUMENTO DE NÚMERO DE DIPLOMAS DE MEDICINA FAVORECE MAIS INVESTIDORES DO QUE O SUS
O grande aumento do número de médicos formados não beneficiou a atenção básica, o SUS e nem as áreas mais carentes de profissionais. Mas, com certeza rendeu lucros estratosféricos aos rentistas que investiram uma pequena parcela de suas fortunas em faculdades de medicina, de boa ou má qualidade, que formaram profissionais nem sempre aptos para o exercício ético e eficiente da Medicina. Rendeu pouco aos médicos recém-formados, que suportam remuneração ruim no SUS ou vínculos de PJ para fazer plantão, diante da prevaricação do Ministério Público estadual envolvido com a saúde e do Ministério Público do Trabalho.
Seria motivo de preocupação ou satisfação? O número de médicos e faculdades de medicina aumentou substancialmente. Ao contrário da OAB, que exige o exame de Ordem para qualificar um profissional, nunca houve unanimidade e força das entidades médicas para que os médicos passarem pelo mesmo exame. Obviamente a categoria é dividida. Os rentistas que lucram milhões com cursos de Medicina se impõem nos conselhos e associações e também no Congresso e no Ministério da Saúde e dificultam uma posição comum em defesa de algo similar ao exame de ordem.
A qualidade da formação médica e das faculdades de Medicina, autorizadas pelo governo ou abertas na marra das decisões judiciais, tem se deteriorado visivelmente. Não pode haver uma expansão responsável e planejada de cursos médicos sem uma prévia formação adequada de professores e preceptores, com formação acadêmica, intelectual e experiência. Um piloto com 150 horas de voo em um monomotor não pode se tornar instrutor de aviação.
O legal Afya informa:
Brasil registra aumento de 23,6% no número de médicos de 2019 a 2023, aponta IBGE
Relatório do IBGE mostrou crescimento do número de médicos mais acentuado na rede privada e fortalecimento das desigualdades regionais.
Esses dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais 2024, estudo elaborado pelo IBGE que analisa as condições de vida da população brasileira, abordando temas como mercado de trabalho, renda, educação, saúde e outros aspectos importantes da realidade social do país. Segundo o estudo, em 2023, 180,3 milhões de brasileiros dependiam inteiramente do atendimento de saúde oferecido pelo SUS (85,2% da população), apenas 14,8% tinha acesso a planos de saúde em 2023 (em 2019, esse percentual era de 11,9% da população
Fonte:
Contudo esse aumento não corresponde um aumento de profissionais mal remunerados servindo ao SUS e nem corrige as desigualdades regionais:
“A taxa dos que atuavam no SUS em 2023 caiu levemente ante 2019, de 72,8% para 71,4%; já a dos que estavam na rede privada cresceu 1,4 ponto percentual, chegando a 28,6%. O número de médicos por 10 mil habitantes aumentou de 19,6 para 23,7.
“A média nacional em 2023 é superada no Sudeste (29,2), no Sul (27,1) e no Centro-Oeste (25,3), enquanto Nordeste e Norte estão muito abaixo dela, com 16,5 e 13, respectivamente. Ademais, a região Norte é a única onde há mais enfermeiros do que médicos por 10 mil habitantes. “
Fonte:
O impacto desse aumento de médicos formados em faculdades privadas de qualidade duvidosa sobre a atenção primária à saúde é quase insignificante: “Hoje (05/12/2024), no Dia Nacional do Médico de Família e mais de 50 anos depois, essa especialidade ainda é uma raridade. Isso porque o Brasil tem 2,9 mil médicos de família e comunidade, o número representa apenas 0,35% do total de profissionais especializados nas mais diversas áreas, segundo o Índice de Educação Médicadesenvolvido pela Associação de Apoiadores Independentes de Educadores de Ensino Superior (AMIES) em colaboração com o portal Melhores Escolas Médicas. “
Fonte:
“Em 2023, o país contabilizou 502,6 mil médicos, um salto significativo em comparação aos 406,7 mil registrados em 2019. Esse crescimento superou o avanço observado no período anterior, de 2015 a 2019, quando o incremento foi de 16,4%. 0
Fonte:
Os serviços públicos de saúde são mais interessantes para enfermeiros do que para médicos:
“Mas são os enfermeiros que se consolidaram como os profissionais de saúde que mais cresceram durante o período que engloba a pandemia de covid-19. Eles saíram de 260,9 mil em 2019 para 363,1 mil em 2023, uma diferença de 39,2%.
“Os médicos têm maior interesse no mercado de trabalho privado, no mercado de trabalho não-SUS”, observa Clician do Couto Oliveira, analista do IBGE envolvida na pesquisa.”
Fonte:
Sem dúvida, os números indicam que a rede privada foi mais beneficiada que o SUS por essa expansão de produção de diplomas médicos:
“O salto de 2019 a 2023 se deu de forma mais intensa na rede privada. O número de médicos que não atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 29,7%. Já o grupo que atua na saúde pública recebeu um incremento de 21,2%.”
Fonte:
E também ficou bastante claro que a distribuição dos novos profissionais não beneficiou as regiões mais carentes de médicos:
“Entre 2019 e 2023, o Brasil registrou um aumento de 23,6% no número de médicos formados no País, conforme demonstra o levantamento síntese dos indicadores sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa também aponta que há uma má distribuição desses profissionais, que se concentram nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e que, para que todas as regiões tivessem o índice adequado de médicos por habitantes, seria necessário redistribuir por volta de 64 mil profissionais. “
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