Ao requentar o café frio servido pelos gestores ao povo, o governo e o Ministro Padilha põem na mesa um argumento desgastado de tão repetido. Se a saúde no Brasil não está bem, se os serviços públicos de saúde estão sucateados e precários, não é por financiamento insuficiente, por gestão incompetente, nem por corrupção ou improbidade administrativa. A culpa é de quem trabalha, mais especificamente de uma categoria de trabalhadores: os médicos.
Ao aceitar a priori essa culpa, o governo vem punir todos os médicos brasileiros e estudantes de Medicina, atuais e futuros, apontando-lhes o caminho da servidão.
"Importação" de mão de obra e serviço obrigatório para recém formados foram as saídas apontadas pelo governo, centrando nos médicos previamente culpabilizados tudo aquilo que a administração pública pode fazer pela saúde.
E nessa desorientada pressa de responder de forma imediatista a décadas de má gestão, financiamento deficiente, precarização e corrupção, até mesmo a revalidação de diploma, que dá aos usuários e médicos a segurança quando usam e atuam nos serviços de saúde, porque faz com que médicos formados no estrangeiro provem seus conhecimentos médicos e domínio da comunicação em língua portuguesa, é colocada em questão pelos governantes.
http://www.redebrasilatual.com.br/saude/2013/06/vinda-de-medicos-estrangeiros-8528.html
De nada adianta saber que o financiamento da saúde foi prejudicado pela presidente quando regulamentou a Emenda Constitucional 29. http://www.portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22836:emenda-constitucional-29&catid=46
Ignora o governo a realidade do trabalho médico em áreas remotas e o sucateamento dos equipamentos públicos de saúde, conhecidos do noticiário, de fotos e vídeos disponíveis na Internet, de depoimentos sobre a desventuras dos médicos que enfrentaram essas situações. http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-07-08/medicos-do-interior-contam-como-e-trabalhar-onde-falta-tudo-ate-esparadrapo.html
A constitucionalidade e legalidade dessas propostas oficiais também é deixada em segundo plano, porque o que interessa é fazer cortina de fumaça a uma realidade desfavorável aos nossos governantes. http://www.conjur.com.br/2013-jul-06/proposta-trazer-medicos-estrangeiros-contradicoes-constitucionais?pagina=2
Mesmo as denúncias, indícios e suspeitas de que dinheiro da saúde não é empregado como deveria, publicadas na nossa imprensa, demonstrando que os problemas da gestão da saúde vão além de uma discussão de competência são analisados pelo governo. http://www.crmpr.org.br/AMB+explica+processo+contra+o+ministro+Padilha+11+9821.shtml
www.amb.org.br/Site/Home/NOTCIAS/AMB-explica-o-processo-contra-o-ministro-Padilha%2036884.cnt
Os médicos brasileiros, em torno de 380 mil profissionais, mão de obra altamente qualificada, organizada em Conselhos Federal e Regionais de Medicina, em associações profissionais e científicas, em sindicatos e cooperativas, rejeita, por esmagadora maioria, todas as proposições governamentais. Há muito os sindicatos médicos têm denunciado que a falta de políticas de recursos humanos sérias no serviço público não têm contribuído para atrair e fixar médicos. Propostas foram feitas, sendo que, pelo menos duas delas tramitam no Congresso: a criação de uma carreira de Estado para médicos e um piso salarial nacional, como já foi feito para o magistério.
Ao contrário, insistem em não fazer concurso público e a terceirizar, recorrendo a negócios suspeitos com organizações sociais, ferindo a legislação trabalhista e a Constituição (Art.37).
A classe médica sente-se ultrajada pelas declarações e atos do governo, que, mais uma vez, varre os problemas da saúde para baixo do tapete e culpa os trabalhadores pelo sucateamento do sistema. Com isso ganha tempo, até que as pessoas se vejam novamente enganadas e lesadas em sua boa fé.
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