Médico de Bolsonaro divulga áudio com informações falsas sobre a pandemia, denuncia matéria da Folha
Mais uma vez mensagens distribuídas em aplicativos de celular vêm causar polêmica e confundir pessoas, durante a pandemia. Muito grave um áudio que foi distribuído por grupos de apoio a Bolsonaro procurando minimizar a pandemia e questionar a vacina.
É sério e causa descrédito à Medicina brasileira um profissional vir a fazer declarações sabidamente falsas que podem levar pessoas a negligenciarem dos cuidados necessários para conter a infecção pelo COVID e a desacreditar da vacinação.
Ouvir um médico que já atendeu o presidente da República fazer declarações desse tipo diz muita coisa. O pensamento antivacinas e a ideia de minimizar a COVID são comuns nos círculos que apoiam o presidente. Mas a COVID já levou a vida de milhares de brasileiros (estamos chegando a 160 mil - definitivamente não é uma gripezinha) e chegou a lotar UTIs em várias cidades brasileiras.
É sabido que o dr Antônio Luiz Macedo mentiu quando disse que um médico brasileiro morreu por causa de vacina. O médico morreu de outras causas e fazia parte do grupo de controle, aquele que usa placebo. Custa acreditar que o CREMESP - Conselho Regional de Medicina de São Paulo - que recentemente cobrou explicações do ex-ministro e congressista Alexandre Padilha, por suas opiniões críticas referentes ao uso do eletrochoque, permaneça até o momento silente em relação a esse absurdo.
A matéria da Folha de São Paulo informa que
o cirurgião Antonio Luiz Macedo, médico do presidente Jair Bolsonaro, divulgou uma mensagem de áudio para grupos de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais na qual acusa os testes da vacina de Oxford de terem vitimado um médico que foi voluntário. Esse assunto foi largamente divulgado pela mídia e ficou claro que o profissional não tomou a vacina e sim placebo. (A matéria da Folha pode ser lida em https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/11/em-audio-que-viralizou-medico-de-bolsonaro-diz-que-vacina-contra-covid-matou-brasileiro.shtml )
Sobre o esclarecimento da morte do médico, há matérias que foram publicadas confirmando que o profissional usou placebo nos testes. Além de tudo o voluntário morreu de COVID, o que não teria acontecido se tivesse usado a vacina. ( Confira a notícia em https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2020/10/21/interna_nacional,1196823/voluntario-brasileiro-morto-durante-testes-vacina-oxford-tomou-placebo.shtml , https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/brasileiro-que-morreu-apos-testes-tomou-placebo-e-nao-vacina-de-oxford/ , https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/10/21/voluntario-brasileiro-que-participava-dos-testes-da-vacina-de-oxford-e-morreu-com-a-covid-19-era-ex-aluno-da-ufrj.ghtml )
O desenvolvimento da vacina contra o coronavírus é um dos mais transparentes que já houve em toda a História da Medicina, sendo atentamente acompanhado pela mídia e por instituições de saúde nacionais e internacionais. A rapidez do desenvolvimento da vacina, que pode dar margem a questionamentos, pode ser explicada por vacinas anteriores para epidemias provocadas por vírus (H1N1,SARS-COV1, MERS, influenza, ebola) que permitiram o acesso à tecnologia e conhecimentos que facilitaram os trabalhos científicos.
Em outro lugar do Brasil uma médica vitimada pela COVID manifesta sua justa indignação pela falta de cuidado das pessoas. Não temos dúvidas de que essa falta de cuidado têm sua origem na confusão criada pela atitude negligente do governo federal diante da pandemia, principalmente das já conhecidas declarações do Sr. Presidente da República. Ele até hoje não pediu desculpas por suas declarações infelizes.
Em matéria publicada na BBC (https://www.bbc.com/portuguese/geral-54671760 ) uma médica catarinense que pegou COVID no trabalho protesta: “Adoecemos cuidando de doentes, não porque fomos ao shopping.”
A declaração da médica catarinense
"Tivemos uma guerra biológica, e os soldados nessa guerra fomos nós, profissionais de saúde. Nossa farda foi a máscara. Adoecemos, e alguns morreram nessa luta. E ninguém fugiu dela."
"Mas nem o nosso hino a gente fez valer: 'Verás que um filho teu não foge à luta'. Que mãe gentil é essa? O mínimo que merecemos é o reconhecimento de que caímos em serviço."
As palavras desgostosas são da médica Priscila da Silva Daflon, de 40 anos, que trabalha em Santa Catarina e procurou a BBC News Brasil através das redes sociais para relatar o que classifica como descaso do poder público e até da população na consideração ao esforço de pessoas como ela e colegas da equipe — profissionais de saúde e infectados com covid-19. “
É um desrespeito para com as vítimas da COVID e suas famílias essa declaração de Antônio Luiz Macedo, “médico do Bolsonaro” e registrado no CREMESP. É uma mensagem errática que visa desacreditar a vacinação. Merece nossa condenação e desprezo.
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