Perigos de informações falsas durante a pandemia - “fatos alternativos” e pseudociência são prejudiciais
Atualmente existem certas informações que não estão conformes as fontes objetivas e usuais de informação, a formação acadêmica, os consensos da Ciência e as regras de civilidade e boa educação. Essas informações pertencem a uma espécie de realidade paralela e são definidas como “pós-verdade” ou “fatos alternativos”. Esse tipo de informação é o que alimenta o populismo na era da Internet, o populismo de redes sociais e aplicativos de celular. E os resultados disso, não são bons.
No caso brasileiro, governo federal, na voz de seu mais alto representante, o presidente da República, vem colocando em questão a realidade da pandemia e a necessidade da vacinação. É perversa a aplicação de “pós-verdade” ou “fatos alternativos” quando o assunto é saúde.
No Brasil, uma das principais redes hospitalares privadas chegou a divulgar, em seu site, uma página advertindo sobre os riscos da pseudociência durante a pandemia (confira em https://www.rededorsaoluiz.com.br/instituto/idor/novidades/pseudociencia-pode-agravar-riscos-e-danos-durante-a-pandemia )
A repercussão dessas declarações é variada, mas basicamente existem três recepções a essas declarações. Há os que acreditam que seja apenas uma comunicação agressiva e desastradas e que esse é o estilo do presidente. Outros acreditam que o presidente está dando uma instrução e procuram legitimar, em redes sociais, o que o presidente diz, recorrendo a fake news, teorias conspiratórias e até a pseudociência. Esses passam adiante as suas informações, falsas ou exageradas, em grupos de aplicativos de celular. E há ainda um terceiro grupo, os que acreditam que as declarações presidenciais são coerentes com o negacionismo diante da pandemia e, portanto, com a atitude geral de negligência governamental, que fez o país reagir à pandemia como uma orquestra desafinada, sem maestro, ao sabor de decisões de governos locais.
As redes sociais e aplicativos de celular (principalmente Facebook, Instagram, WhatsApp, do Sr. Marketing Zuckerberg e o YouTube, do Google e o Twitter) não se sentem responsáveis pela curadoria do conteúdo que publicam e seus algoritmos não impedem, e até parecem facilitar, a divulgar de informações falsas que são potencialmente prejudiciais à saúde.
O prejuízo que as pseudociências, fake news, teorias conspiratórias ou, como alguns preferem, “fatos alternativos” e “pós-verdade” foi denunciado em manifesto assinado 2750 cientistas e médicos de renome mundial. (Confira em https://www.bbc.com/portuguese/geral-54727068 )
Há, entre esses conteúdos, os que põem em dúvida a vacinação. Essa situação é agravada quando associada a fontes governamentais. Elas não são entendidas apenas em um contexto e criam um clima onde os movimentos antivacinas, foçados em pseudociência, podem prosperar.
Todos nós sabemos que a ameaça de doenças, que já vitimaram muitas pessoas, pode ser prevenida com o uso de vacinas. Mas, pelo menos no caso da poliomielite, a doença pode voltar. A causa será a negligência com a vacinação. Mas o que leva as pessoas a abandonarem uma conquista tão importante? Afinal, foi uma vitória da Ciência que evitou muito sofrimento.
O que estamos vendo é o surgimento em redes sociais, repercutidas em aplicativos de celulares, de informações falsas que enganam as pessoas. Essas informações obedecem a interesses que agem sem compaixão e com total irresponsabilidade.
“A disseminação de "fake news" - ou notícias falsas -, o medo de reações adversas e o sentimento de segurança a respeito da eliminação de doenças são alguns dos fatores que têm contribuído para a redução das coberturas vacinais pelo Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, até o dia 22 de outubro, nenhuma das vacinas que constam no calendário nacional atingiu os indicadores presentes no Programa Nacional de Imunizações.”
( a matéria está em
A bem sucedida erradicação da poliomielite no Brasil poderá ser revertida porque a vacinação não está tendo cobertura suficiente. Essa doença pode causar deficiências físicas irreversíveis e morte.
“Em um momento em que há o debate sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19, os dados são preocupantes. Em 1994, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem. O título só foi alcançado depois do esforço do governo brasileiro para disponibilizar a vacina gratuita em todo o país.”
“De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados na quinta-feira, 29, a maior cobertura foi registrada entre as crianças com dois anos de idade (45%), enquanto a menor foi registrada entre as crianças de 3 anos de idade (43%). “
( Leia o texto completo em: https://exame.com/brasil/vacinacao-gratuita-pelo-sus-termina-nesta-sexta-e-so-atingiu-45-da-meta/ )
"Vamos ser claros: as pseudociências matam."
“Essa é a mensagem que une 2.750 profissionais de saúde de 44 países (90% deles trabalhadores de saúde e cientistas de várias disciplinas).
O "1º manifesto contra as pseudociências em saúde", assinado por essa massa de profissionais, levanta a discussão sobre regulamentações contra produtos que não tenham eficácia terapêutica comprovada com rigor científico.”
https://sindicatoexpresso.blogspot.com/2020/10/pseudociencia-mata-e-da-dinheiro-para.html
Toda a argumentação contra a vacinação não vem de pessoas preocupadas com a saúde e o bem estar do próximo, mas de gente que quer fazer politicagem com a pandemia e a vacina, repercutindo a orientação errática que emana do governo. Toda essa argumentação é um somatório de argumentos sem valor, acumulados como lixo fedorento, por adeptos de teorias conspiratórias e pseudociência. Essas pessoas, iludidas ou de má fé, acreditam que suas opiniões não científicas servem a alguma ideologia. E essa falsa convicção os anima a espalhar informações falsas. Quando, na verdade, essa informação errada revela apenas que seus autores não têm conhecimentos sobre questões que dizem respeito à Ciência. E, talvez, muitos deles não saibam que esse tipo de informação falsa é prejudicial à saúde.
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