Juro bancário cobrado do consumidor é o mais alto desde março de 2006
23/12 às 13h20 Valor Online e ReutersBRASÍLIA - A taxa média de juros bancários para pessoa física teve alta de 3,8 pontos percentuais em novembro, a 58,7%, atingindo o maior patamar desde março de 2006. Os bancos elevaram em 4 pontos percentuais a taxa média de juros incidente no cheque especial, que passou de 170,8% anuais em outubro para 174,8% ao ano em novembro. Em 12 meses, o avanço correspondeu a 36,1 pontos percentuais. Nos 11 primeiros meses de 2008, houve acréscimo de 36,7 ponto. Os juros do cheque especial, uma das modalidades mais utilizadas por pessoa física ficou no maior nível desde junho de 2003, quando a taxa acumulada no ano foi de 176,98%.
A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo Banco Central (BC). A alta dos juros no país foi provocada pela crise financeira internacional, que resultou em escassez de crédito no mundo inteiro. Além disso, o BC elevou a Selic para conter a inflação.
O cenário, no entanto, começa a dar sinais de melhora: na comparação pela média diária, as concessões de crédito aumentaram 4,2% no mês passado, sinalizando uma recuperação do financiamento após a forte retração de 7,3% em outubro verificada em meio ao agravamento da crise financeira global.
O spread (ganho com a diferença entre o custo de aplicação e o custo de captação) cobrado pelos bancos nessa operação teve ampliação de 4,1 pontos percentuais, a 162% ao ano.
O juro do crédito pessoal registrou ampliação de 3,1 pontos, saindo de 57,5% para 60,6%. Em 12 meses, houve acréscimo de 13,8 pontos. No acumulado do ano, o crescimento foi de 14,8 pontos.
Dentro dessas operações, a taxa média dos empréstimos com desconto em folha de pagamento aumentou 1 ponto, de 29,8% em outubro para 30,8% no mês seguinte. Em 12 meses, esse juro teve alta de 2,1 pontos. No ano, houve alta de 2,7 pontos.
As taxas médias das operações tradicionais de crédito pessoal verificaram incremento de 2,2 pontos no mês em outubro, indo de 76,5% (dado revisto) para 78,7%. A alta chegou a 16,9 pontos em 12 meses e a 19,6 pontos no ano.
Nas outras modalidades de crédito à pessoa física, o custo médio do empréstimo para aquisição de veículos cresceu 3,5 pontos, para 37,6% em novembro. Em 12 meses, essa taxa avançou 9,1 pontos. No ano, o aumento foi de 8,8 pontos.
As taxas de empréstimos cobradas para aquisição de bens variados - como eletroeletrônicos, por exemplo - apresentaram elevação de 6,8 pontos, para 68,2% ao ano. Esse juro médio teve incremento de 13,7 pontos nos 12 meses terminados em novembro. No ano, a expansão ficou em 11,7 pontos.
Juros cobrados das empresas caiu em novembroJá a taxa média de juros para pessoa jurídica saiu de 31,6% em outubro para 31,2% em novembro, uma queda de 0,4 ponto percentual.
Considerando os juros cobrados de empresas e consumidores, a taxa média de juros bancários teve alta de 1,2 ponto percentual, partindo de 42,9% em outubro para 44,1% ao ano no mês seguinte, a mais alta desde abril de 2006 (45%). Esse percentual corresponde à média das taxas cobradas em operações prefixadas, pós-fixadas e flutuantes, com pessoas físicas e jurídicas.
Tomando-se apenas as operações prefixadas, a taxa média registrou elevação de 2,9 pontos percentuais, indo de 51% em outubro para 53,9% em novembro.
O spread, ou ganho dos bancos com a diferença entre as taxas de aplicação e de captação, subiu 1,9 ponto, a 30,3% em novembro, também considerando a média das três modalidades de juros para financiamento. Os bancos reduziram a taxa geral de captação em 0,7 ponto percentual, para 13,8%.
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