CPI da Câmara Municipal de SP recebe denúncia de assédio sexual contra médicos da Prevent
Advogada de ex-médicos que denunciaram irregularidades na empresa recebeu relatos de vítimas e apresentou informações à comissão. Bruna Morato é ouvida na sessão desta quinta (21).
Por Guilherme Balza e Rodrigo Rodrigues, GloboNews e g1 SP — São Paulo
Câmara Municipal de SP prestes a iniciar nova sessão da CPI da Prevent nesta quinta-feira (21) — Foto: Rodrigo Rodrigues
A CPI da Câmara Municipal de São Paulorecebeu denúncias de assédio sexual contra médicos da Prevent Senior nesta quinta-feira (21).
As informações foram passadas aos vereadores pela advogada Bruna Morato. Ela prestou depoimento nesta manhã.
Bruna representa 12 médicos que trabalharam para a Prevent Senior e os ajudou a elaborar um dossiê com denúncias sobre a operadora. Ela foi procurada por advogados de vítimas para relatar os casos. Em setembro deste ano, a advogada depôs à CPI da Covid, no Senado.
Uma das denúncias é contra um médico que atua no hospital de Santana, na Zona Norte da capital.
O caso ocorreu em agosto de 2020 e é investigado pela Polícia Civil. Segundo o inquérito, a vítima estava internada com edema de glote e não conseguia falar.
Ela acusa o médico de ter tocado nos seios e nas pernas dela e de ter acariciado as partes íntimas dele diante dela. A sobrinha da vítima testemunhou parte dos atos.
O caso foi registrado na Delegacia da Mulher e acompanhado pelo Ministério Público. Também foi feita uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que abriu uma sindicância, mas arquivou o processo sem sequer ouvir o médico acusado.
A Prevent Senior afirmou, por meio de nota, que o compliance da empresa investigou o caso e concluiu que não houve irregularidades e que "o médico deverá processar a paciente por denunciação caluniosa após o fim das investigações no âmbito policial" (veja mais abaixo).
Leia mais sobre o dia na CPI:
Manifestantes jogaram tinta na fachada da sede da Prevent Senior na manhã desta quinta-feira (30), na região central da cidade de São Paulo — Foto: Guilherme Gandolfi/Futura Press/Estadão Conteúdo
O Cremesp apenas anexou à sindicância o depoimento que o médico deu à Delegacia da Mulher. O Conselho alegou que era a palavra da vítima contra a do acusado e que ele não tinha outras acusações do tipo. Portanto, arquivou o procedimento.
Na investigação consta que o médico, em abril de 2020, três meses antes do suposto abuso, procurou uma delegacia para registrar uma ameaça de difamação.
A polícia requisitou à Prevent as imagens das câmeras de segurança onde teria acontecido o abuso hospital de Santana, mas a operadora afirmou que havia se passado 15 dias e os registros tinham sido apagados.
O presidente da CPI, vereador Antonio Donato (PT), afirmou que a comissão já recebeu uma denúncia de paciente que teria sido assediada por um médico da rede e, segundo ele, a comissão vai analisar todos os casos que chegarem ao colegiado.
"Essa denúncia não diz respeito ao processo da Covid. Mas, evidentemente, qualquer denúncia, algum tratamento a gente pretende dar. Se a gente vai encaminhar ao Ministério Público ou algum órgão responsável, ou se vamos tratar de alguma maneira. A CPI está atenta a esse período da pandemia, de março de 2020 até hoje. Se for anterior, foge um pouco do escopo da CPI", afirmou.
"Essas denúncias de assédio e importunação sexual foram geradas provavelmente por uma falsa sensação de impunidade. Existia essa sensação de que a empresa não seria fiscalizada e diversas irregularidades ocorreram", disse Bruna Morato na Câmara Municipal.
"A sensação que se tem é que, com a pandemia, eles se sentiram à vontade nos hospitais para praticar inúmeras irregularidades e essa seria mais uma entre tantas outras", emendou.
Outro caso
A advogada também afirmou nesta quinta (21) que chegou até ela uma outra denúncia de assédio por parte de um médico da operadora que usava do cargo para escolher plantonistas mulheres através de beleza física.
"A prática começava com elogios no Instagram e evoluíam para afirmações mais fortes e contundentes no pessoal. As que tentavam reprimir essas ações recebiam punições. Eram retiradas de alguns plantões ou eram pressionadas a fazer coisas que não queria fazer", afirmou.
Comentários