Os 7 momentos marcantes da CPI da Covid
Após mais de 5 meses desde o início da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga possíveis crimes ligados a pandemia, o relator Renan Calheiros apresenta seu parecer. O relatório final divulgado nessa quarta-feira (20) indicia 68 pessoas, dentre elas o presidente da República. Diante do fim da Comissão, relembre alguns dos momentos que mais repercutiram no decorrer CPI.
I. ÓBITO TAMBÉM É ALTA
A advogada Bruna Morata, representante dos médicos que denunciaram a Prevent Senior, discursou sobre os procedimentos adotados pela companhia. Dentre eles a obrigação do repasse do kit covid, comprovadamente ineficaz, e a redução do oxigênio de indivíduos que estivessem internados há algum tempo. O caso que foi comparado a Auschwitz brasileira, chocou os senadores e repercutiu na internet.
II. MUDANÇA NA BULA DA CLOROQUINA
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, confirmou a acusação do ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta de que foi sugestionada uma alteração na bula da cloroquina, para que o medicamento pudesse ser indicado no tratamento contra a covid.
Só quem pode modificar a bula é a agência reguladora, isso se solicitada por quem desenvolveu o medicamento. “Quando houve uma proposta de uma pessoa física fazer isso, me causou uma reação um pouco mais brusca. Eu disse: ‘Olha, isso não tem cabimento, isso não pode’. E a reunião, inclusive, nem durou muito mais depois disso”, disse Barra Torres.
III. DEPOIMENTOS DE QUEM PERDEU PARENTES NA PANDEMIA
A órfã Giovanna Gomes Mendes da Silva, 19, que depôs na CPI, perdeu os pais para a covid-19 e emocionou inclusive o interprete de libras com seu relato. “Eu, meus pais e minha irmã, nós éramos muito unidos, quem conhece sabe, onde a gente estava, nós estávamos juntos. Então quando meus pais faleceram, a gente perdeu as coisas que a gente mais amava. E eu precisava da minha irmã e ela precisava de mim. Eu me apoiei nela, e ela se apoiou em mim”, disse Giovana.
Além do depoimento de Giovanna, outras pessoas foram ouvidas, como o taxista Márcio Antônio do Nascimento Silva, que perdeu um filho para a doença no ano passado. Márcio conta como reagiu as falas do presidente Bolsonaro sobre as mortes.
“Eu escutei lá no meu coração: ‘E daí que seu filho morreu?’. Isso me gerou muita raiva, muito ódio. Isso me fez muito mal, eu daria a minha vida para o meu filho ter chance de ter se vacinado”, desabafou o pai.
IV. PFIZER IGNORADA MAIS DE 100 VEZES
A Vacina da Pfizer, foi a primeira a receber o registro definitivo da Anvisa no país. Apesar disso, de acordo com Carlos Murilo, presidente da farmacêutica na época, pelo menos cinco propostas foram apresentadas ao Brasil, somente no ano passado, e todas elas foram ignoradas.
De acordo com os documentos apresentados pelo senador e vice presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, ocorreram 101 tentativas de contato por e-mail, com o governo brasileiro. Somente após seis meses de silêncio, o Brasil fechou com a farmacêutica em março desse ano.
V. RELATOS DE PACIENTES ATENDIDOS PELA PREVENT SENIOR
O advogado Tadeu Frederico Andrade, foi paciente da Prevent Senior e contou em seu depoimento à CPI que seu prontuário foi fraudado pela corporação. Internado na unidade intensiva de tratamento há um mês, foi direcionado, sem autorização da família, a receber tratamento paliativo, quando o paciente não tem mais uma possibilidade de melhora.
“Sou uma testemunha viva da política criminosa dessa corporação e de seus dirigentes”, afirmou Tadeu.
VI. PAZUELLO E A CRISE DE OXIGÊNIO EM MANAUS
A capital do estado de Amazonas viveu um colapso em janeiro desse ano, quando a falta de oxigênio nas unidades de saúde, provocou a morte de centenas de pessoas. De acordo com a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Saúde foi alertado antes da situação ficar insustentável. Mas o ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, questionado sobre o assunto na CPI, se esquivou da responsabilidade e culpailizou o governo do Amazonas.
De acordo com o relator, Renan Calheiros, Pazuello mentiu ao menos 14 vezes durante seu depoimento na Comissão. As mentiras foram referentes as ordens do presidente ao ex-ministro, o tratamento precoce, a crise de oxigênio, e outras questões relacionadas a gestão da pandemia.
VII. GABINETE PARALELO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O primeiro ministro da saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, denunciou à CPI, a existência de um gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente. Esse grupo teria como objetivo discutir questões relacionadas a pandemia, direcionando o presidente, sem considerar as ponderações da Organização Mundial da Saúde (OMS) ou do Ministério da Saúde, na época chefiado por Mandetta.
A hipótese, negada por outros depoentes favoráveis ao governo, logo se confirmou, devido a divulgação de um vídeo em junho desse ano, pelo site Metrópoles. A gravação revelava uma reunião no Palácio do Planalto, presidida por Bolsonaro, a qual participavam entre outros, a médica Nise Yamaguchi, Osmar Terra, do MDB e o virologista Paulo Zanotto. Estes debatiam sobre o enfrentamento a covid-19, negando a vacina e apostando em um kit comprovadamente ineficaz no tratamento da doença.
Beatriz Pontes – 7° período
Com revisão de Aline Meireles – 4 º período
COPIADO DE https://agenciauva.net/2021/10/21/os-7-momentos-marcantes-da-cpi-da-covid/
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