BRASIL - SAÚDE EM CRISE - SUS - GOVERNO DE PERNAMBUCO DENUNCIADO FORMALMENTE NA ONU POR CAOS NA SAÚDE PÚBLICA.
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco, com respaldo de outras entidades médicas denunciou formalmente a política de saúde do Estado de Pernambuco à Comissão de Direitos Humanos da ONU. A notícia foi repercutida pelo site da FENAM ( http://portal.fenam2.org.br/ ).
Temos a informação que já se aproximam de duas centenas o número de médicos do serviço público estadual de Pernambuco que entregaram ao sindicato seus pedidos de demissão. O sindicato tenta negociar com a Secretaria de Estado da Saúde de Pernambuco uma política de gestão de pessoas razoável para a área médica. Até agora não tem podido contar com a sensibilidade do Governador Eduardo Campos (PSB) e de seu secretário de estado da saúde para essa iniciativa.
O conhecimento médico necessário para o exercício da profissão não é um conhecimento barato. É adquirido com esforço intelectual e privações. Exige anos e horas, a cada dia, para ser acumulado. O viés assumido no serviço público brasileiro em remunerar mal os médicos desmerece o conhecimento médico. O Fax Sindical tem constatado que Estados e municípios, além do próprio governo federal, adotam esse viés. Conhecimento não tem preço. Os médicos mostram, em movimentos como esse de Pernambuco, a sua dificuldade em conviver com essa desvalorização de uma das áreas mais nobres do conhecimento humano. Os responsáveis pelo financiamento e gestão do sistema público de saúde ainda não estão sensibilizados.
Essa situação tem uma contrapartida muito nociva. Muitos médicos acabam perdendo a própria auto-estima profissional e convivem com situações onde são colocados nos últimos degraus do serviço público. Em muitas instituições públicas não há planos de cargos, carreiras e salários convidativos e motivadores para os profissionais formados em Medicina.
Essas lutas têm um papel pedagógico. Ensinam aos médicos de Pernambuco e do Brasil inteiro a se verem de outra forma. A rejeitarem esse desprezo pelo conhecimento. A repelirem o papel que lhe atribuem dentro do serviço público. A resistirem a salários ruins, precarização de mão-de-obra e outras mandracarias tramadas contra o trabalho médico por gestores públicos em todos os escalões da administração.
Cabe, em primeiro lugar às representações classistas, que são os sindicatos, e também às demais associações e grêmios médicos e conselhos profissionais, sem exceção, conduzirem as demandas da nossa categoria profissional. Essas demandas só serão efetivas se cada médico tiver disponibilidade e disposição para se mobilizar e agir a favor da valorização de seu próprio trabalho.
Publicado em 18/08/2008
Fonte: Simepe
PE: médicos denunciam caos na saúde à Comissão de Direitos Humanos da ONU
Representantes do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Conselho Regional de Medicina e Associação Médica concederam entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 18/08, na sede do sindicato, para falar sobre a crise na saúde pública do estado. Entre os principais temas abordados pelos médicos estavam a avaliação do plano de gestão do governo, o encaminhamento de denúncia à Comissão de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas (ONU) que revela o genocídio em Pernambuco e a falta de solução para o caos nas emergências, cada dia mais superlotadas e repletas de problemas.
Segundo o presidente do Cremepe, Carlos Vital, informar aos órgãos internacionais foi mais uma tentativa para reverter o quadro do serviço público. ?O último fim de semana culminou com a superlotação do Hospital Getúlio Vargas e nas duas únicas emergências cardiológicas públicas do estado, o Hospital Agamenon Magalhães e o Procape?, disse Carlos Vital. ?Pacientes enfartados aguardavam a possibilidade inexistente de um leito, largados na rampa de acesso ao hospital?, denunciou.
De acordo com o presidente do Simepe, Antônio Jordão Neto, até agora nada foi feito por parte do governo estadual para resolver a situação caótica dos hospitais e das emergências públicas da rede de saúde. ?Observamos o discurso governamental que aponta para uma administração efetuada por fundações públicas de direito privado, através da qual a desobrigação paulatina do governo com a administração pública direta levará a privatização do setor?, comentou.
Antônio Jordão revelou que existe um déficit de três mil leitos no estado. Só no Recife, faltam 426 leitos de UTI. ?Precisamos muito mais do que o dobro desse número?, afirmou. Atualmente, segundo o Simepe, existem menos de 400 leitos de UTI em todo o estado. Esse total, somado àqueles que ocupam os hospitais privados, passa de quinhentos.
Com relação à demissão dos médicos, Antônio Jordão informou que mais de 200 profissionais já pediram exoneração de seus cargos. Grande parte desse grupo é formada por cirurgiões gerais, traumatologistas, uteístas, urologistas, pediatras e cardiologistas, entre outras especialidades.
A partir do dia cinco de setembro, os médicos que já entregaram suas exonerações deixarão em definitivo o serviço público do estado. ?Após 20 meses de negociações, o governo, diante do caos estabelecido e da pressão da opinião pública e das entidades médicas, apresenta um diagnóstico até mais grave e enumera algumas propostas que podem não se resolver, ao menos amenizar, desde que sejam efetivamente cumpridas?, Jordão.
O presidente do Sindicato dos Médicos afirmou também que o última tentativa de negociação por parte do governo aconteceu no dia oito de julho.?De lá para cá, a sinalização do governo foi zero. Estamos com a mesma pauta há três meses?, completa Jordão.
As principais reivindicações do sindicato são o aumento do salário base para R$3.400, o cumprimento integral do acordo feito em 2007, aumento dos percentuais do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos [PCCV] e equiparação salarial dos plantonistas com os dos neurocirurgiões, além de melhores condições de trabalho.
http://portal.fenam2.org.br/item/portalDetails/9135#
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