quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A acumulação de capital e concentração de renda aumentam quando cai a capacidade de organização dos trabalhadores assalariados e autônomos

Uma pessoa que depende apenas do seu trabalho ou da ajuda de amigos e parentes para sobreviver é chamada de empreendedor, como se pudesse se igualar aos grandes investidores, que jogam milhões na bolsa ou investem em negócios com boas chances de êxito. Isso pode parecer um grande engano e, de fato é. A mercadoria que o trabalhador tem para vender e sobreviver é o seu próprio trabalho, que pode ser valorizado ou não, e que pode lhe dar direitos, como férias, aposentadoria, gratificações, auxílio em caso de doença ou invalidez, ou não. 

Matéria publicada no portal “Brasil de Fato”, em dezembro de 2019, é ainda muito atual para ajudar a entender esse momento de crise. 


A precarização do trabalho ilude o trabalhador precarizado. Ela aumenta o lucro do capital e a desigualdade de renda entre as pessoas e torna as sociedades piores e a vida da maioria mais difícil. Ela destrói a qualidade de vida de quem só depende de seu próprio trabalho para sobreviver. 


Por um estranho paradoxo, essa exploração do trabalho humano facilita um discurso de ressentimento diante da perda de qualidade de vida, que ser torna manipulado pelos populistas identificados com a direita, exatamente os que defendem os interesses do capital. Essa manipulação da realidade, que encontramos na mídia, nas redes sociais, nos aplicativos de mensagem e em discursos políticos, aliena os que dependem de seu trabalho para sobreviver daqueles que são seus verdadeiros interesses. 


O entrevistado, o professor Andreas Bieler, afirma que o neoliberalismo enfraquece a consciência de classe, e, como consequência há uma queda na qualidade de vida da classe trabalhadora, a qual, paradoxalmente, abre caminho para o discurso da direita. Entendemos que esse discurso de direita tem como principal objetivo alienar o trabalhador de seus próprios interesses e os fazer assumir interesses dos capitalistas, dos especuladores e dos assambarcadores. A entrevista publicada no “Brasil de Fato” é de autoria de Cris Rodrigues, e foi publicada originalmente em 16 de Dezembro de 2019

“A crise do capitalismo global é uma crise de superacumulação. É o que defende Andreas Bieler, professor de Economia Política na Universidade de Nottingham, no Reino Unido. “

Em entrevista ao Brasil de Fato, ele explicou que há atualmente, nas mãos de poucos capitalistas, um excesso de capital privado em busca de realizar novos investimentos para gerar mais lucro. Isso é o que caracterizaria a superacumulação – de acordo com a definição do geógrafo britânico David Harvey.

"É preciso perguntar para quem", provocou. "Do ponto de vista capitalista, o neoliberalismo funciona bem, porque enfraquece os trabalhadores e permite encontrar novas maneiras de acumular capital. Mas, da perspectiva das pessoas, não funciona", afirmou.

“Para questionar a política de privatizações, uma característica dos regimes neoliberais, Bieler citou o exemplo da Grécia, onde as consequências foram o empobrecimento da população e queda de qualidade dos serviços.”

“A crise atual, segundo o economista, tem origens na financeirização e na especulação que se intensificaram a partir da década de 1970 nos países do norte global. Nos últimos anos, o processo de superacumulação levou os capitalistas à busca por mais oportunidades de investimento. O cenário atual de precarização da classe trabalhadora é, para ele, uma consequência desse ciclo.”


"Uma das formas de acumular capital é fazendo o trabalho ficar mais barato, o que é feito pela informalidade. Você transfere o risco da empresa para o indivíduo", disse. Uma das consequências desse processo, segundo ele, é um enfraquecimento da consciência de classe, porque os trabalhadores ficam mais inseguros e têm mais dificuldade de se organizar coletivamente.


“Sem organização e com a qualidade de vida em queda, trabalhadores tornam-se suscetíveis ao pensamento conservador. "Quando as pessoas têm seu meio de vida ameaçado, elas se tornam potencialmente abertas ao discurso da direita", concluiu.

reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se dêem os devidos créditos.”

Os trechos citados entre aspas são da matéria publicada no “Brasil de Fato” e podem ser lidas na íntegra clicando no link: https://www.brasildefato.com.br/2019/12/16/neoliberalismo-enfraquece-a-consciencia-de-classe-afirma-economista-britanico/

https://www.brasildefato.com.br/2019/12/16/neoliberalismo-enfraquece-a-consciencia-de-classe-afirma-economista-britanico/

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