domingo, 18 de maio de 2008

PRECARIZAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA NO PSF É APONTADA COMO FATOR DE DESMOTIVAÇÃO PARA MÉDICOS QUE QUEREM ATUAR NO SETOR.

Na Bahia (veja no link Trabalho), os municípios não conseguem fixar médicos no interior. A precarização da mão-de-obra na atenção básica, especialmente no PSF, é apontada como a principal causa da falta de motivação dos profissionais.

Vagas de médicos deixam de ser preenchidas no interior   Municípios oferecem salários de até R$12 mil, mas os profissionais resistem em sair da capital



    Mônica Michara



Salários duas ou três vezes maiores que os dos prefeitos, casas cedidas pelas prefeituras e outras regalias prometidas nem sempre são suficientes para atrair médicos para os municípios menores e mais distantes da capital. Mesmo tentadoras, sobretudo para profissionais em início de carreira, muitas vagas demoram para ser preenchidas por diversos fatores, como a precária relação de trabalho, dificuldade em convencer a família, falta de oportunidade de qualificação, receio de ingerência política e carência de infra-estrutura hospitalar na região. Esse conjunto de fatores faz com que os possíveis candidatos pensem várias vezes antes de decidir se fixar no interior. Mesmo concursos públicos, que dariam maior segurança aos aprovados, não costumam ter concorrentes. Só na rede estadual o déficit de médicos é superior a 5,8 mil profissionais para todo o estado.



Ser médico em cidade pequena e pobre geralmente é sinônimo de escravidão, à disposição 24 horas por dia. Substitui até mesmo as parteiras. “Os poucos que aceitam ir para o interior terminam se separando, porque as famílias não querem acompanhar”, acrescenta o secretário de Saúde de São Félix, Odilon Cunha Rocha, que confessa estar deixando o cargo para “ganhar dinheiro”. Ex-presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde da Bahia, ele diz que em muitos casos o secretário ganha R$800, enquanto os médicos, a depender do “pacote” que negociem com as prefeituras, conseguem faturar até mais de R$20 mil com ganhos complementares. E mesmo assim é difícil achar quem encare a missão.



Mesmo cidades próximas da capital, como São Félix (cerca de 100km de Salvador), enfrentam dificuldade para atrair profissionais de saúde. No concurso público que promoveu para preencher seis vagas do Programa Saúde da Família (PSF), com salário de R$7.870, Odilon Rocha só contou com cinco candidatos. E mesmo assim que já trabalhavam há seis ou sete anos na função e aproveitaram para regularizar a situação. Entre as dificuldades, ele aponta a falta de segurança do emprego. “É preciso desprecarizar os serviços, oferecer carteira assinada e outras seguranças como a garantia do recebimento do salário”, justifica Rocha, defendendo a realização de concursos públicos e a instituição de uma política de recursos humanos para o SUS. Segundo ele, a carência é grande até na capital, onde o PSF alcança apenas 13% de cobertura.

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