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ÓDIO NA GELADEIRA

Itamar Franco.

Quando presidente da república vetou o piso salarial nacional dos médicos. Agora se arrepende de ter patrocinado FHC. Leia no blog do Josias de Souza:

Com um atraso de 14 anos, Itamar ‘denuncia’ FHC

  Alan Marques/Folha
Nascido em alto mar, entre o Rio e Salvador, a bordo de um navio do Lloyd Brasileiro, Itamar Franco é um mineiro paraguaio –falso como moeda de três reais. O mineiro que Nelson Rodrigues chamaria de “escocês” jamais é o que parece. Itamar, ao contrário, é exatamente o que parece.

 

Atribui-se a Tancredo Neves, mineiro genuíno, o chiste segundo o qual Itamar é um político que “guarda a raiva na geladeira”. Nada mais verdadeiro. A porta do freezer, aliás, acaba de ser aberta.

 

Itamar degelou um naco da raiva que nutre por FHC. Contou que seu ex-ministro da Fazenda cometeu uma ilegalidade. Deu-se em 1994, quando do lançamento do Real. Depois de reunir em torno de si a equipe que deu a luz à nova moeda, FHC trocara a Esplanada por uma candidatura presidencial.

 

Na época em que a Casa da Moeda pôs em circulação as primeiras notas de Real, respondia pela pasta da Fazenda o embaixador Rubens Ricupero. Mas quem rubricou as cédulas foi o ex-ministro FHC. "Ele sabia que sem o autógrafo, sem ele na cédula do Real, não ganharia [a eleição presidencial]", diz Itamar.

 

Itamar passeia pela história como um caso raro de presidente que conseguiu fazer o sucessor. Nada o irrita mais do a mistificação tucana segundo a qual foi FHC quem se elegeu, depois de fazer o antecessor.

 

O que levou Itamar a guardar FHC na geladeira foi a convicção de que o PSDB tenta passar uma borracha na presidência dele. Acha que o tucanato roubou-lhe, além do Real, a paternidade dos medicamentos genéricos. Vendidos como um feito de José Serra, os genéricos são, segundo Itamar, obra de seu ministro Jamil Haddad (PSB).

Escrito por Josias de Souza às 17h38

 

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