Nota oficial da CUT
É lamentável que o Copom, mais uma vez, tenha desprezado a vontade da imensa maioria da sociedade, que procuramos expressar em carta enviada na última segunda-feira.
Veja a seguir a carta conjunta das centrais enviada antes do início da mais recente reunião do Copom, que decidiu pela elevação da taxa básica de juros em 0,5%:
"Copom quer especulação; centrais querem desenvolvimento com distribuição de renda
O movimento sindical brasileiro quer que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza a taxa básica de juros em sua próxima reunião. Exortamos o Banco Central, a quem o Copom é subordinado, a considerar outros fatores ao redor e repensar a estrutura do sistema de metas, extremamente conservadora.
A taxa de inflação permanece sob controle e ainda está bastante longe da margem extra de dois pontos percentuais além da meta, embora o Banco Central insista em afirmar o contrário. As últimas altas de preços estão ligadas à demanda internacional de alimentos, e uma elevação de juros no Brasil em nada influenciaria tal movimento. O mercado internacional, a partir dos Estados Unidos, está reduzindo as taxas básicas de juros – elevá-la aqui seria um contra-senso. O fortalecimento do mercado interno brasileiro, observado ao longo dos últimos anos, tem sido nosso principal lastro contra a contaminação da economia pelos efeitos nocivos da retração norte-americana.
Estes são motivos suficientes para demover o Banco Central da idéia de elevar a taxa Selic, como tem sido especulado.
Há outros, até mais importantes que os já citados, mas que pertencem a um universo do qual o BC parece não fazer parte, pois até agora jamais deu ouvidos aos clamores dos trabalhadores e do setor produtivo como um todo. Juros altos beneficiam apenas o capital especulativo e atraem somente dinheiro volátil, sem compromisso. Juros altos aumentam a dívida pública. Juros altos seguem na contramão da produção, do crédito e do consumo. Elevá-los ainda mais seria impor novos obstáculos ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização dos trabalhadores e trabalhadoras. Imporia redução no ritmo de geração de empregos. Elevaria o valor das prestações de produtos que o trabalhador deseja e precisa comprar.
A imensa maioria do Brasil não quer juros básicos altos."
Assinam esta nota:
José Calixto, presidente da NCST
Ricardo Patah, presidente da UGT
Wagner Gomes, presidente da CTB
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