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NAS MINAS DE AÉCIO NEVES A PM VIROU UM BARRIL DE PÓLVORA

o Governador quer aparentar uma unanimidade que não existe no Estado. Amplos setores do funcionalismo público, civil e militar estão profundamente descontentes com a sua gestão. Seus enormes gastos publicitários e a cooptação de quase toda imprensa mineira proporcionam aos hóspedes do Palácio da Liberdade uma falsa imagem. Esta matéria levanta uma ponta do véu da realidade cruel que paira sobre as Minas Gerais (ameaçadas também pela dengue)


Confira no NOVOJORNAL, órgão independente na imprensa mineira :


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12/04/2008, 15:34 - PMMG: Tropas na rua a qualquer momento? Gravação de reunião de membros da PM de Minas comprova que a corporação é um barril de pólvora prestes a explodir Divulgação

Na corporação militar mineira impera hoje a quebra de comando e a desobediência à hierarquia, tudo diante da total ausência de autoridade moral dos governantes e da inexistência de uma imprensa independente. A situação chega às raias do absurdo.

Virou rotina a quebra de comando praticada pelos membros do poder civil. A hierarquia e disciplina, tradicionalmente pilares das corporações militares, já não mais existem.

Desde os tempos de Alexandre “o grande”, considerado o introdutor do militarismo, passando pela Roma Antiga, só existiram duas maneiras de atender a tropa. Através de boa remuneração ou com a tolerância.

No caso específico da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), conforme demonstra a gravação constante desta reportagem, não se utiliza a primeira hipótese. Claramente optou-se pela segunda maneira.

Tanto é assim que o alto comando tem feito vista grossa ao comportamento de lideranças que apenas defendem a impunidade e a tolerância com maus comportamentos de membros da tropa.

Como em uma pirâmide, no topo da mesma estão as maiores patentes, entretanto, em menor número. Desta forma, seria fácil atendê-los com a “boa remuneração”.

Para a base da pirâmide que contém maior número de integrantes, o  atendimento adotado tem sido através da “tolerância”. Evidentemente que no tempo de Roma, por Lei, as tropas não podiam entrar na cidade, tinham que se acampar no mínimo a 50 km de distância.

O saque e outras práticas “toleradas” eram permitidos apenas contra os adversários. A convivência entre a sociedade civil e a militar, historicamente, é incompatível, pois a principal finalidade de um militar é “manter a ordem”. Contudo, “manter a ordem que interessa aos governantes”.

Na democracia atuam dois modelos clássicos. A representativa e a participativa. Os governantes ao assumirem o poder optam pelo modelo que melhor lhe convêm e colocam a polícia para reprimir o que não lhe agrada.

Nas corporações militares em ambos os métodos possíveis de serem adotados, a hierarquia e a disciplina são fundamentais. A ausência de qualquer um dos dois princípios desestabiliza a relação entre o comando e a tropa.

Isto não quer dizer que não possa existir o diálogo em uma corporação militar. Pode e deve, porém, dentro do critério militar. É importante que aqueles que comandam sejam civis ou militares saibam que em milênios nada mudou na essência das instituições criadas pelos homens.

Exemplo disto é que o novo testamento apenas veio trazer um ensinamento cristão, mas manteve o velho testamento.

Esta conclusão em hipótese alguma desmerece o comportamento humano, ou o aprimoramento da sociedade apenas demonstra o que realmente somos.

Recentemente no período de 1964, a sociedade civil brasileira foi surpreendida com movimentos e posturas que ela imaginava inexistir. Como dito, ela foi surpreendida,  por omissão ou medo da imprensa da época em um período difícil, onde o Ibes e Ibade tinham controle quase absoluto dos veículos de comunicação.

Atualmente quem controla a imprensa no caso de Minas Gerais são outros, mas isto não vem ao caso. O compromisso de levar a notícia com independência ao leitor sempre fundamentou o portal jornalístico Novojornal, mesmo que o tema seja delicado.

A Polícia Militar após 1996

Os mineiros presenciaram no Governo de Azeredo, o movimento reivindicatório dos integrantes da Polícia Militar de Minas Gerais. Tudo ocorreu em função do despreparo do governador e de seus principais assessores e conselheiros. A história já comprova este fato.

Em função do ocorrido e diante da necessidade da sociedade civil ter um canal com a corporação foram eleitos representantes para as diversas casas legislativas. Alguns sobreviveram e outros pereceram, não por falta de mérito, mas sim porque com raras exceções a renovação é uma saudável característica dos poderes legislativos.

Quase uma década depois, em respeito à categoria, abre-se espaço para um deputado estadual que se auto-intitula “representante dos policiais militares de Minas”. Entrega-se ao mesmo, o importante cargo de presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Desconhecendo suas atribuições constitucionais e o decoro parlamentar, esta liderança vem intimidando abertamente a corporação militar, a qual pertence, ao Palácio da Liberdade e a sociedade civil mineira.

Após a greve no governo Azeredo se instalou um verdadeiro estado de terror toda vez que medidas disciplinares deveriam ser tomadas. Os fracos ocupantes do governo de Minas se tornaram reféns do medo de a “tropa ir para rua”.

Em função deste medo, existe hoje um imobilismo das autoridades civis em dialogar com a categoria e não incentivar a criação de novas lideranças. Ao poder interessa apenas o estado policial que foi implantado.

Porque será que mesmo aberto este canal de diálogo, a insatisfação continua presente dentro da corporação ao ponto de ocorrer diversas manifestações comandadas legitimamente pelas diversas associações que representam a categoria?

Pesquisamos e, para os bons militares mineiros, lideranças como o Sargento Rodrigues (PDT) não proporcionam qualquer benefício significante, conseguem apenas a impunidade dos maus policiais em suas péssimas condutas. Adotando um ultrapassado modelo sindical, onde a prática de assembléias  realmente gera votos.

A quebra da disciplina e o desrespeito ao comando da Polícia Militar de Minas estão sendo praticados abertamente como se fosse uma coisa natural. Quem sofre com este estado de anormalidade democrática é a sociedade civil que não tem como se defender. Os governantes estão garantidos dentro de seus palácios. Contudo, há de se indagar até quando.

Sabidamente, a Polícia Militar de Minas Gerais é uma corporação centenária que sobrevivera a este período. Todavia, é necessário que demonstre à sociedade civil que não compactua com maus policiais.

O alto comando da Polícia Militar deve fazer uma profunda reflexão, pois, como constante do pronunciamento do deputado Sargento Rodrigues em reunião, seus “relatórios” são encaminhados não ao comandante da PM. Como dito por ele mesmo, seu “contato” que viabiliza a “quebra de comando”, está dentro do Palácio da Liberdade.

Muito do que o deputado falou na reunião, com certeza, terá que ser explicado pelo comando da Polícia Militar, principalmente em relação ao combate aos perueiros. A serviço de quem e em troca de que, a PM combatia o transporte alternativo?

O  pior é tomar conhecimento de que o corregedor da PM se intimida diante de ameaças de uma autoridade civil. A quem ele deve satisfação?

A alegação foi feita em uma assembléia pública de praças, cabos, sargentos e outras patentes. Saber que um comandante tomou um “esculacho” de uma autoridade civil assusta.

Normalmente, no treinamento de uma tropa, a Polícia Militar utiliza-se de militares como o Sargento Rodrigues para fazer preleções e transmitir outros ensinamentos. Será o deputado uma exceção ou a prática de violência nas prisões efetuadas pela Polícia Militar é uma orientação e ensinamento?

Evidentemente que, como dito no início da reportagem, estamos levando em conta que as regras de conduta e disciplina dos militares são bem diferentes das de um civil, tanto isto é verdade que, ao militar, a sociedade civil dá armas para que a defenda e não para ser agredida ou, até mesmo, assassinada. 

Causa indignação a qualquer pessoa que escuta o pronunciamento do Sargento Rodrigues, ridicularizando e pregando a desobediência ao comando da corporação, além da  prática de violência nas prisões.

As ameaças do deputado contra a gravação da reunião, respondemos com a divulgação na íntegra, sem edição de seu pronunciamento, pois a reunião era pública. Esclarecendo, ao mesmo, que a PM2 é o serviço de informação da PMMG e a imprensa do povo mineiro.

Necessário destacar a truculência praticada contra um cinegrafista amador que registrava as cenas da reunião. ( No final da gravação).

Ficam duas perguntas que deveriam ser feitas durante a reunião e respondidas pelos seus participantes, mas não foram em função das agressões praticadas contra o cinegrafista. São elas:

1ª) Os senhores pensaram bem antes de escolher a carreira militar ou foi uma escolha em função do salário, da estabilidade, da possibilidade de portar uma arma ou na certeza da impunidade pelo corporativismo?

2ª) Se a reunião realizada era permitida porque ela não poderia ter sido filmada?

Cabe por último uma reflexão: se este deputado é a verdadeira liderança da Polícia Militar de Minas Gerais, você não acha que a PMMG mudou muito?

A certeza da Impunidade

Exemplos não faltam para demonstrar o descaso da Polícia Militar mineira com relação ao seu dever perante a sociedade. Há quatro anos, durante uma caçada policial, a representante comercial Ana Paula Nápoles da Silva, de 27 anos, foi morta depois de ter seu carro parado em uma “blitz” por policiais da 6ª Cia. de Vespasiano.

Eles fecharam o tráfico na MG-010 para deter três assaltantes que fugiam em um carro roubado, entretanto, os motoristas e passageiros que passavam no local foram usados como escudo durante a troca de tiros entre militares e bandidos. As vítimas foram obrigadas a se esconder em um matagal próximo para escapar das balas, mas acabaram no meio do fogo cruzado. No meio de tanta confusão causada pela má formação da PM, mais de 10 pessoas foram atingidas. Os bandidos conseguiram escapar. 

Esse desrespeito da Polícia Militar com a sociedade não é de hoje. As famílias perdem seus entes queridos e são obrigadas a, simplesmente, conformar com a situação, visto que se dependerem da segurança que esses militares proporcionam cada vez mais o cidadão vai estar desprotegido.

De acordo com reportagens publicadas em 2004, testemunhas contam que os tiros partiram da direção que os policiais estavam. Até hoje, nenhuma atitude concreta foi tomada. Na época, ficou claro que a confusão criada pela PM no episódio foi decisiva para que os criminosos conseguissem fugir. Um dos suspeitos de ter participado da fuga, contou que viu mais de 20 policiais atirando para todos os lados.

Dados obtidos no período da morte de Ana Paula Nápoles mostravam que os homicídios cresciam de forma alarmante enquanto os assassinos ficavam à solta. As estatísticas não mudaram muito nos dias atuais, assim como também não mudou o comportamento dos encarregados pela segurança no Estado de Minas Gerais.

Outro fato importante de ser lembrado é o afastamento, na época, de 13 policiais militares após a morte de Ana Paula. Contudo, a maioria dos soldados está trabalhando normalmente, como se nada tivesse acontecido. A certeza da impunidade é tanta que os serviços policiais continuam sendo prestados pelos militares envolvidos no episódio.

Para os pais da representante comercial, resta aprender a viver sem uma das filhas. A nós, resta continuar com a sensação de que os criminosos estão agindo livremente, sem serem punidos. Porém, o que não sabemos é se a Polícia Militar mineira quer fazer alguma coisa sobre tal situação ou se simplesmente vão continuar sendo coniventes com o crime.




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