O lamentável surgimento da epidemia de dengue no Rio de Janeiro, antecedido de crises no Nordeste, inicialmente, e depois em outras regiões do país, parece não ter servido de alerta para gestores que vendem uma falsa imagem. Na propaganda parece que o sistema de saúde que eles gerem está no melhor dos mundos possível. Mas a realidade é outra. Agora o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo coloca em evidência as carências do sistema público de saúde na Grande Vitória. Para que tome conhecimento quem interessar possa.
SEM EQUIPAMENTOS SAÚDE PÚBLICA DEFINHA TAMBÉM NO ESPÍRITO SANTO. PROFISSIONAIS DESMOTIVADOS PEDEM DEMISSÃO.
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Sem agulhas e sem profissionais: médicos listam problemas enfrentados na Grande Vitória
07/04/2008 19:54:43 - Redação Gazeta Rádios e Internet
DANIELLA ZANOTTI
dzanotti@redegazeta.com.br
Nesta segunda-feira (07), no Dia Mundial da Saúde, os médicos denunciaram a precariedade da situação do atendimento público nos hospitais e unidades de saúde. As queixas foram passadas para o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) nas últimas visitas e reuniões aos locais que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre os problemas mais graves estão a falta de materiais para a realização de exames básicos, como os de prevenção ao câncer ginecológico; ausência de profissionais; sucateamento de equipamentos, lentidão para marcar consultas especializadas e falta de leitos.
O presidente do Simes, Otto Fernando Baptista, denuncia o descaso com a saúde da mulher, que vai desde a falta de uma espátula para a coleta do preventivo até ausência de profissionais para realizar os exames. “Na maioria das unidades dentro da Grande Vitória, esses exames não estão sendo realizados por falta de luvas, lâminas, espátulas, itens extremamente baratos e descartáveis e importantes para fazer a coleta do preventivo”, disse o médico.
Outro problema grave é a falta de médicos nas equipes do Programa de Saúde da Família, substituídos por outros profissionais, sem habilitação necessária. “O médico passa seis anos estudando e fazendo especializações para ter experiência maior para abordar lesões muitas vezes imperceptíveis por outros profissionais. Consequentemente esse exame é colhido de maneira incorreta, um resultado com material insuficiente, a paciente acaba desistindo e quando ela vem em outra ocasião, meses depois, depois de um exame bem colhido, já é diagnosticado um estágio bem avançado de câncer”, denuncia Baptista.
Situação grave
Viana é o município com a situação mais grave. Há meses que as equipes do Programa de Saúde da Família atuam sem médicos e nas unidades de saúde não há o serviço de vacinação por falta de agulhas. Outra carência, de acordo com o pediatra Luiz Baltazar, é a dificuldade da população em conseguir consultas especializadas, que levam pacientes a esperar por quase 1 ano.
“Crianças com dificuldade de aprendizado por deficiência visual não conseguem oftalmologistas, esperam de 8 a 9 meses para marcar uma consulta. Crianças com distúrbio de comportamento, às vezes por problemas no lar, levam um ano para conseguir um neuropediatra”, desabafou o médico.
Os profissionais culpam a falta de eficiência da administração e gestão pública. Na próxima quarta-feira(09), cerca de 420 médicos da Prefeitura de Vitória irão se reunir em assembléia no auditório da Emescan e uma greve, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, não está descartada.
Nesta segunda-feira (07), o Sindicato dos Servidores da Saúde (SindiSaúde) também mostrou insatisfação com a saúde no Estado, realizando uma manifestação na Praça 8, no Centro de Vitória. Quatro estandes foram montados com cartazes que mostraram fotos sobre as carências dos hospitais públicos.
A dengue também foi alvo das críticas dos manifestantes. Um caixão com um boneco de pano dentro foi colocado na praça e, acima dele, um papel com a inscrição: "Este morreu de dengue".
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