DENÚNCIA DO SINDICATO MÉDICO DO RIO GRANDE DO SUL EVIDENCIA ATAQUE DE BACTÉRIAS EM HOSPITAIS PÚBLICOS
SIMERS - Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul
Sábado, 5 de abril de 2008 ZH: Bactérias oposicionistas, de Maria Rita de Assis Brasil Maria Rita de Assis Brasil
vice-presidente do SIMERS > Artigo publicado na editoria de Opinião, de Zero Hora, em 5 de abril de 2008.
Os médicos têm priorizado em sua rotina a luta por mais recursos para a saúde, valorização dos profissionais e combate a condições extremas, como a superlotação. São pressupostos para uma assistência de qualidade com a dignidade a que a população tem direito. Mas foi uma bactéria, cujo nome muitos ainda aprendem a pronunciar - Acinetobacter sp - , que conseguiu da forma mais contundente pautar as atuais precariedades do setor.
Alguns condenaram a divulgação da informação de que grandes hospitais da Capital enfrentavam o ataque do microorganismo. Mas foi exatamente a publicidade dos fatos que provocou gestores públicos e direções dos estabelecimentos a romper o silêncio e assumir publicamente suas responsabilidades.
São 400 casos de pacientes infectados em nove meses na Capital, número que já se credencia a ser uma das maiores séries no mundo envolvendo a bactéria. Mapear a ocorrência e como estão sendo tratados cada caso e eventuais óbitos associados ao germe são elementos que contribuirão para o controle e redução da incidência.
Temos certamente uma crise instalada, que exige o combate à Acinetobacter e à fragilidade exposta do sistema público de assistência, que opera sempre além de sua capacidade. É hora de buscarmos as melhores soluções para garantir maior qualidade e segurança no ambiente hospitalar, do qual depende mais de 70% da população do Estado, ou seja, 7 milhões de pessoas.
Desde a década de 70, a propagação de germes resistentes a antibióticos apresenta grave ameaça à vida de pacientes. Quarenta anos depois, nem mesmo o criterioso emprego de antibióticos e medidas de barreira são suficientes. Na ausência de alternativas terapêuticas, novas modalidades de abordagens devem ser desenvolvidas.
Uma delas é acrescentar a figura do médico hospitalista na assistência aos pacientes internados, com foco no atendimento integral, domínio de toda a estrutura disponibilizada e atuando em sintonia com os demais especialistas e equipes.
Estamos diante de uma clara ameaça, já que estudos sugerem uma mortalidade com taxa superior a 20% atribuída às debilidades causadas pela bactéria. Sem esquecer que internações prolongadas pressionam ainda mais o já combalido orçamento da saúde pública. Surge uma nova variável em saúde pública, que foge às lentes fotográficas, mas que não pode ser camuflada pelos gestores. Precisamos de hospitais higienizados, com sua capacidade técnica de atendimento respeitada, além de profissionais de saúde em número adequado e capacitados para neutralizar a ação desses germes "oposicionistas".
Sábado, 5 de abril de 2008 ZH: Bactérias oposicionistas, de Maria Rita de Assis Brasil Maria Rita de Assis Brasil
vice-presidente do SIMERS > Artigo publicado na editoria de Opinião, de Zero Hora, em 5 de abril de 2008.
Os médicos têm priorizado em sua rotina a luta por mais recursos para a saúde, valorização dos profissionais e combate a condições extremas, como a superlotação. São pressupostos para uma assistência de qualidade com a dignidade a que a população tem direito. Mas foi uma bactéria, cujo nome muitos ainda aprendem a pronunciar - Acinetobacter sp - , que conseguiu da forma mais contundente pautar as atuais precariedades do setor.
Alguns condenaram a divulgação da informação de que grandes hospitais da Capital enfrentavam o ataque do microorganismo. Mas foi exatamente a publicidade dos fatos que provocou gestores públicos e direções dos estabelecimentos a romper o silêncio e assumir publicamente suas responsabilidades.
São 400 casos de pacientes infectados em nove meses na Capital, número que já se credencia a ser uma das maiores séries no mundo envolvendo a bactéria. Mapear a ocorrência e como estão sendo tratados cada caso e eventuais óbitos associados ao germe são elementos que contribuirão para o controle e redução da incidência.
Temos certamente uma crise instalada, que exige o combate à Acinetobacter e à fragilidade exposta do sistema público de assistência, que opera sempre além de sua capacidade. É hora de buscarmos as melhores soluções para garantir maior qualidade e segurança no ambiente hospitalar, do qual depende mais de 70% da população do Estado, ou seja, 7 milhões de pessoas.
Desde a década de 70, a propagação de germes resistentes a antibióticos apresenta grave ameaça à vida de pacientes. Quarenta anos depois, nem mesmo o criterioso emprego de antibióticos e medidas de barreira são suficientes. Na ausência de alternativas terapêuticas, novas modalidades de abordagens devem ser desenvolvidas.
Uma delas é acrescentar a figura do médico hospitalista na assistência aos pacientes internados, com foco no atendimento integral, domínio de toda a estrutura disponibilizada e atuando em sintonia com os demais especialistas e equipes.
Estamos diante de uma clara ameaça, já que estudos sugerem uma mortalidade com taxa superior a 20% atribuída às debilidades causadas pela bactéria. Sem esquecer que internações prolongadas pressionam ainda mais o já combalido orçamento da saúde pública. Surge uma nova variável em saúde pública, que foge às lentes fotográficas, mas que não pode ser camuflada pelos gestores. Precisamos de hospitais higienizados, com sua capacidade técnica de atendimento respeitada, além de profissionais de saúde em número adequado e capacitados para neutralizar a ação desses germes "oposicionistas".
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